Nina Horta

Escritora e colunista de gastronomia, formada em educação pela USP.

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Nina Horta

Parágrafos gastronômicos que valem por toda a semana

Para uma mesa de Natal barata e divertida, junte vidros e encha de guloseimas

 
Biscoitos de Natal caseiros, em formato de árvore de Natal, guardados em pote de vidro transparente
Biscoitos de Natal caseiros em pote de vidro - Eduardo Knapp/Folhapress

1. Continuamos com nossos  parágrafos que valem por toda a semana. São inspirados e copiados, (às vezes), daqueles livros que compramos por impulso e que não lemos jamais. Hoje, alguns desses livros de capa dura custam quase R$ 1.000 ou estão esgotados. Vale a pena ler de novo?

2. Cada um de nós tem sua comida “despreferida”. Simbólica, o auge da ruindade, um bife de fígado mal passado, um miolo indigno. Um dos meus terrores, além de abobrinha, é couve-de-bruxelas bem cozida. Não estou sozinha. Há um autor inglês que afirma que, na Europa, só existe felicidade nas terras em que não medra a couve-de-bruxelas.

3. Hoje o livro é de Heston Blumenthal, continuamos com ele, “Heston Blumenthal at Home”, publicado pela Bloomsbury. Fotos de Angela Moore. Lindíssimas.

4. Confesso que não experimentei, mas leva jeito de descoberta feliz. Para que a pequena couve-de-bruxelas cozinhe por igual e fique crocante, o chef destaca as folhas uma a uma, como numa alface. Frita um pouquinho de bacon e separa. Na gordura da panela e umas gotas de água, ele mergulha as folhinhas por um minuto, mais ou menos. Prova, vê se está crocante, salga e apimenta. Mistura ao bacon e serve imediatamente como acompanhamento de um belo bife... Vou fazer e caprichar na pimenta, não na pimenta-do-reino, mas alguma brasileira bem vermelha e picante.

5. Outra ideia muito simples, que quase não chega a ser ideia, é cozinhar batatinhas inglesas, pequenas, novas, com casca. Quase prontas, achatá-las com delicadeza com um garfo e despejar por cima de todas sal, azeite ou manteiga, mostarda, umas gotas de vinagre, salsa, cebolinha e qualquer outra erva bem-vinda. Ao forno para que o molho entranhe nas batatas, outro bom acompanhamento.

6. Em matéria de belezura o chef inventou o gaspacho de repolho roxo, e despeja bem gelado, de dentro de um utensílio com biquinho sobre um prato branco.

7. Já não elogio o modo pelo qual faz frango assado, é um tal de afogar em água salgada durante a noite, a certa altura pesa a água, não o frango, coloca de novo na salmoura e são tantas idas e vindas que somos até capazes de esquecer de assar o frango. Não rola em casas de famílias recatadas.

8. E para uma mesa de Natal barata e divertida, vá juntando todos os seus vidros e jarrinhos e jarrões vazios e transparentes. Encha-os com pipoca caramelada, biscoitos, maria-mole, gelatina colorida em quadrados bem duros, enfim, tudo que você saiba fazer. Jarro sobre jarro, temos uma árvore de Natal, dessas de revistas femininas dos anos 1960. Base forrada de moedas de chocolate douradas. Esses jarros ele só inventou pela metade, a parte brega é minha, afinal ele só tem o "brexit" para se preocupar, nós temos a crise. Vamos a ela com um pouquinho de prazer, pelo menos.

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