Nizan Guanaes

​Empreendedor, criador da N Ideias​.

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Redes sociais podem ser armas de destruição em massa ou armas de construção em massa

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Manifestantes durante protesto contra visita de Donald Trump a San Diego, na Califórnia
Manifestantes durante protesto contra visita de Donald Trump a San Diego, na Califórnia - Sandy Huffaker/Getty Images/AFP
 

O Brasil não vai ter um Donald Trump porque Donald Trump é um fenômeno, embora novo, tipicamente americano.

O Brasil não vai ter um Emmanuel Macron porque Emmanuel Macron, embora novo, é um fenômeno tipicamente francês.

O Brasil não vai ter um Movimento 5 Estrelas porque, embora novo, o Movimento 5 Estrelas é um fenômeno tipicamente italiano.

O que une esses fenômenos, porém, o Brasil pode ter: o desejo pelo novo e a rejeição da política tradicional.

Não acho que isso signifique que a democracia esteja em perigo ou ameaçada. A democracia está mudando, porque a tradição do mundo é mudar.

Num mundo tão acelerado, tão conectado e tão responsivo, os políticos têm sido muito lentos em mudar. Então eles estão sendo mudados.

Pode-se reprovar a eleição e o governo de Donald Trump, mas sua eleição e o seu governo oferecem lições importantes sobre fazer política e governar na segunda década do século 21.

Trump chegou a comparar a sua administração a um reality show diário —e ele está fazendo justamente isso. Sua Casa Branca não sai do noticiário: das surpreendentes negociações na Coreia do Norte às surpreendentes relações do presidente com seus assessores, passando por surpreendentes investigações do FBI, surpreendentes tuítes... Dentro da visão trumpista, estar no noticiário é condição suficiente para agir.

Isso não é exatamente novo. Ecoa o velho ditado (do qual discordo) de que não existe propaganda negativa. Ou, na formulação mais elegante de Oscar Wilde: “A única coisa pior do que ser falado é não ser falado”.

Donald Trump de louco não tem nada. Ele prometeu em sua campanha baixar impostos corporativos, taxar a importação de aço, apertar a imigração, rever realizações de Obama. E está entregando. Você pode não gostar, mas a base eleitoral que o elegeu adora. Realizar promessa de campanha sempre tem mérito, inclusive do ponto de vista da democracia.

Trump, Macron e outros fenômenos eleitorais pelo mundo mostram também como a nova comunicação empoderou e organizou grupos antes marginalizados, fragmentados ou desprezados pelo establishment político. Eles são fenômenos inclusivos, no sentido de trazer para o sistema político oficial movimentos e pensamentos antes distantes.

E essa novidade não precisa ser, e nem é, somente negativa. As novas tecnologias de comunicação estão mudando a vida de muita gente para melhor. Não tenho dúvidas de que o ato de conectar pessoas terá consequências muito mais positivas do que negativas. A conexão em massa é uma das maiores conquistas da humanidade.

O Brasil é a próxima grande democracia a realizar eleições. O pleito de outubro próximo é uma oportunidade de ouro, a melhor resposta que nossa democracia pode dar às crises que sofremos nos últimos anos. Poderemos escolher, pelo voto livre e democrático, o futuro que queremos.

Já há muito ódio e muita agressão nesse processo. Mas tenho visto figuras cada vez mais relevantes defender uma eleição construtiva, não destrutiva, baseada no bom debate de ideias e propostas, que respeite os outros lados, que não transforme o opositor em inimigo, que não dificulte, mas permita o entendimento.

Essa eleição será o que fizermos dela.

As redes sociais podem ser armas de destruição em massa ou armas de construção em massa.

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