Nizan Guanaes

​Empreendedor, criador da N Ideias​.

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Nizan Guanaes

A Folha só tem um amigo

Como brasileiro, agradeço o que este jornal faz pelo Brasil

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Só quem escreve há mais de uma década na Folha sabe o impacto que ela tem no Brasil. Você está correndo numa praia, e o cara grita “adoro seus artigos!” Você dá uma bola fora e um leitor lá do norte do norte do país reclama no Painel do Leitor.

Sabe o que é o seu ídolo Fernanda Torres lhe mandar no WhatsApp: “textão ontem!!!”? Ou a minha amiga Paula Lavigne falar “Caetano gostou do seu artigo sobre a propaganda brasileira”? Em compensação, quando você dá uma bola fora, é vaia geral.

Acertando e errando, a Folha faz parte da minha vida. E, cuidando de sua comunicação por uns 20 anos, eu fiz também parte da vida da Folha, agora centenária.

Redação da Folha no quarto andar do prédio da Alameda Barão de Limeira, em São Paulo - Lalo de Almeida - 14.jan.2021/ Folhapress

A Folha sempre gostou de propaganda. E, como Steve Jobs, seus líderes sabiam muito bem o que queriam e o que não queriam dela. Para eles eu criei o comercial do “Hitler”, na W/GGK, que está na lista global dos 100 melhores comerciais do século 20.

Agradeço à Folha por ter podido criar para ela peças publicitárias importantes e pelos mais de dez anos desta coluna, pela qual ela me possibilita ser ouvido e, mais que isso, ouvir o Brasil e ter um dedo no seu pulso.

Isso tudo, claro, não impediu a Folha de me dar porrada também. Do seu jeito irredutível, a Folha é amiga de todos porque não é amiga de ninguém.

Há alguns anos, a Folha me chamou para ser ombudsman por um dia. Pisei com muito cuidado neste solo sagrado do jornalismo com um artigo intitulado “Surpresa”. Nele, sugeria que o jornal diversificasse a pauta tradicional do hard news trazendo temas mais próximos da vida das pessoas. Vendo o Facebook, o Twitter e o Instagram, escrevi, ficava claro que as pessoas do século 21 não queriam só conversar sobre política e economia, economia e política.

A Folha arejou a pauta. Trouxe novas vozes, novos olhares, novos temas, explorando as possibilidades que as novas tecnologias e a centralidade do conteúdo de qualidade oferecem hoje. Mas, surpresa, eis que a pauta dura da política voltou com tudo, puxada agora pelas próprias redes sociais.

A Folha sabe ser dura e, na política, joga em casa. Daí seu crescimento exponencial montado no novo modelo de negócios, que já foi o velho modelo de negócios: ganhar dinheiro com a venda de assinaturas de seu conteúdo. E isso é muito moderno, como a Folha. Nunca se consumiu tanta informação, e quem vende informação de qualidade tem um produto vencedor. É só empacotar e distribuir bem.

Como brasileiro, agradeço o que este jornal faz pelo Brasil. A quantidade de inteligências que a Folha reúne e nutre. E faço votos para que ela nunca se afaste de Otavio Frias Filho (1957-2018). Ele vivia dizendo que a Folha não tinha amigos. Mas a recíproca para mim não era verdadeira, Otavio. Sofri com a sua morte e fico feliz em lhe ver vivo na inquietude da sua Folha, na inquietude empreendedora do seu irmão Luiz.

Que nos próximos 100 anos a Folha se dedique ao futuro com o destemor do lindo livro de Otavio: “Queda Livre”.

E que continue cuidando do único amigo que ela tem e cuida: o Brasil.

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