Os Correios recuaram e cancelaram a suspensão do serviço conhecido como "registro módico", que, na prática, encareceria o envio de livros e material didático no Brasil. A decisão foi tomada na tarde desta terça-feira (24).
Mais cedo, o Painel revelou a suspensão promovida pelos Correios desde o final da semana passada. Livreiros apontaram à coluna que a medida trazia prejuízo financeiro à categoria em um momento em que, devido à crise do novo coronavírus, a atividade econômica já está abalada.
Em nota ao Painel no início da tarde, os Correios afirmaram que o serviço estava suspenso "em atendimento ao plano de ação implementado pelos Correios de combate à Covid-19, que trata dos protocolos operacionais e profiláticos adotados pela empresa, baseados nas orientações do Ministério da Saúde."
No meio da tarde, eles comunicaram apenas que o serviço havia sido retomado.
O registro módico é a categoria de envio mais utilizada pelas livrarias, pois não cobra pela distância, mas pelo peso. Ou seja, um envio de livro para outro estado custa o mesmo que para alguns quarteirões de distância. Trata-se de um serviço que só pode ser utilizado para envio de livros ou material didático.
Sem o serviço, as opções que restam são Sedex ou PAC, nas quais o valor cobrado é proporcional à distância dos endereços de envio e de recebimento, encarecendo a operação significativamente.
No caso de um PAC, por exemplo, utilizado para livros com mais de 500g (que são maioria), o valor de frete chega a ser o dobro do que seria no caso de um registro módico.
O livreiro Ricardo Lombardi, do sebo Desculpe a Poeira, em Pinheiros, São Paulo, negociou um livro com o frete de R$ 12,29 por registro módico, com Pelotas (RS) como destino.
Nesta segunda-feira (23), ao chegar aos Correios, foi informado da suspensão do serviço e da necessidade de utilizar PAC (o livro pesava mais de 500g). Ele teve que arcar, então, com um frete de R$ 24,80.
"É frustrante para o livreiro ver que num momento desses, em que precisamos valorizar as iniciativas on-line, os livros —e a cultura— sejam prejudicados dessa forma", diz.
Em comunicado aos livreiros cadastrados em sua plataforma, a Estante Virtual disse que estava tratando da situação com o governo federal. Enquanto isso, sugeriu que os livreiros apenas empacotassem os livros, mas não os enviassem e aguardassem novas instruções. Em medida no mesmo sentido, aumentou os prazos de entrega previstos no site.
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