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Editado por Fábio Zanini, espaço traz notícias e bastidores da política. Com Guilherme Seto e Danielle Brant

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Morte por coronavírus em multinacional de call center em São Paulo causa temor em funcionários

Serviço foi considerado essencial por decreto do governo federal; empresa diz que segue protocolos da OMS

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Morreu de coronavírus na segunda-feira (27) Vanessa Pereira, 27, que fazia parte da equipe de treinamento da Atento, multinacional de call center. Ela trabalhava em espaço da empresa em Santana, na zona norte de São Paulo, e, segundo a empresa, havia sido enviada para home office havia algumas semanas.

O governo federal incluiu call center como serviço essencial na pandemia e, por isso, as empresas não precisaram interromper suas atividades.

“A gente conversava muito, dizendo que por ela ser de risco devia ter entrado em quarentena muito antes, logo quando começou, e não ter esperado o último momento”, diz Thaynara Gerbas, amiga e colega de Vanessa na Atento até novembro de 2019.

Ao Painel, uma colega que trabalhava no mesmo andar que Vanessa diz que a empresa não havia avisado os funcionários da morte da funcionária até a noite de quarta-feira (29), mas que esse era o assunto que dominava as conversas no WhatsApp.

Segundo a mesma funcionária, que preferiu não se identificar para não sofrer represálias, as janelas do andar ficam todas fechadas, o que deixa a equipe temerosa. Ela diz que há um aviso no elevador para que não entrem mais de quatro pessoas por vez, o que ela já vê como um número excessivo e que, além disso, não costuma ser respeitado.

Vanessa Pereira, funcionária da Atento que morreu de coronavírus na segunda-feira (27)
Vanessa Pereira, funcionária da Atento que morreu de coronavírus na segunda-feira (27) - Reprodução/Facebook

Por ter sobrepeso e sopro no coração, Vanessa vinha relatando a amigas que estava indo ao trabalho com temor de ser contaminada pela Covid-19. Ela disse ao marido, Everton Rodrigues, que havia casos com suspeita de contaminação no andar em que trabalhava.

No dia 8 de abril, ela disse a Thaynara que ainda estava indo ao trabalho presencialmente e enviou à amiga a sua escala de trabalho para o mês, revezando um dia de trabalho presencial e outro à distância. No dia 13, ela disse à amiga e ex-colega Jaci Diniz que estava com suspeita de contaminação pelo coronavírus. Segundo Everton, ela tinha um atestado médico para o período de 13 a 21 de abril.

"Ela estava com um atestado por nove dias e a Atento não liberou todo mundo. Assim que iniciou a quarentena ela estava indo normalmente. Eles foram afastando grupos de risco, mas ela demorou a ficar em casa e era grupo de risco. Além de ser sobrepeso, ela me disse um tempo atrás que tinha sopro. Ela estava bastante preocupada com os sintomas justamente por isso", diz Jaci.

"Não foi uma fatalidade, eu perdi minha amiga por descaso e por ganância. Telemarketing não é serviço essencial. Eu não sei se eu choro mais de tristeza ou de raiva", completa.

Em 20 de março, trabalhadores do setor de telemarketing da Atento denunciaram ao Sintetel (Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicações do Estado de São Paulo) que estavam sendo obrigados a trabalhar sem nenhum tipo de medida preventiva por parte da empresa em relação ao coronavírus.

Em nota ao Painel, a Atento diz que sua central tem "operado com 50% do seu quadro de profissionais para garantir o distanciamento necessário e reforçar a segurança de seus profissionais". Diz também que segue procedimentos e protocolos determinados pela Organização Mundial de Saúde e órgãos locais.

Além disso, destaca medidas como "reforço da rotina de limpeza e higienização, a disponibilização de álcool em gel em áreas comuns e para uso pessoal de seus colaboradores, o estabelecimento de home office e o afastamento momentâneo das atividades de todos os profissionais acima de 60 anos e gestantes."

Também disse que incentiva o uso de máscaras e que desde 13 de abril realiza periodicamente a aferição da temperatura corporal dos colaboradores.

Com Mariana Carneiro e Guilherme Seto

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