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Editado por Fábio Zanini, espaço traz notícias e bastidores da política. Com Guilherme Seto e Danielle Brant

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Coronavírus foi mencionado menos de 30 vezes na reunião de Bolsonaro, e secretário diz que teve náuseas com vídeo

Presidente do Banco do Brasil chegou a dizer que pico da doença já havia passado no Brasil

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No vídeo da reunião ministerial do governo Jair Bolsonaro do dia 22 de abril, divulgado na sexta-feira (22) por decisão judicial, os participantes praticamente não falaram da crise do coronavírus.

Termos como doença (dez vezes), coronavírus (oito), Covid (sete) e pandemia (quatro) foram utilizados para tratar brevemente do tema ao longo de duas horas de reunião.

Levantamento feito pela Folha mostrou que só o presidente Bolsonaro disse 33 palavrões no encontro. Ao todo, foram 41, número consideravelmente maior do que o de menções à crise que já matou mais de 22 mil pessoas no Brasil.

Secretários estaduais de Saúde manifestaram espanto com o conteúdo da reunião. Um deles disse ter sentido náuseas ao assistir ao vídeo e afirmou que eles não têm coração e não sabem o que é uma UTI cheia de intubados. Ele preferiu não se identificar por temer represálias ao seu estado.

Reunião ministerial comandada por Jair Bolsonaro em 22 de abril
Reunião ministerial comandada por Jair Bolsonaro em 22 de abril - Reprodução

"É lamentável uma reunião ministerial com aquele nível de debates e com aquele linguajar. Minhas reuniões do centro acadêmico eram mais organizadas. A pauta do país hoje tem de ser uma só: combate à Covid-19. Que logística a União tem a oferecer? Qual o caminho para a reabertura da economia? Qual previsão de diminuição dos casos? Se essas não forem as pautas de uma reunião ministerial nesse momento, o foco está completamente errado", diz Carlos Lula, secretário de Saúde do Maranhão.

"A reunião não tratou da pandemia, não tratou de estratégia no local que está prestes a se tornar o pior epicentro da pandemia do mundo. Não há o que comentar sobre uma reunião que não mobilizou o governo na pandemia. Espero que existam reuniões em que eles tratem disso", afirma Nésio Fernandes, secretário do Espírito Santo.

Nas poucas vezes em que a crise do coronavírus é citada, há distorções e imprecisões. O presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes, por exemplo, diz que naquele momento o pico da doença já parecia ter passado. Em 22 de abril, o Brasil registrou 165 mortes em 24h. Neste domingo (24), foram 653.

"Onde está a responsabilidade pública desses gestores? Não se vê o mínimo de compaixão por aqueles que estão sofrendo nas UPAs, aguardando serem entubados e com sorte chegar numa UTI, nem pelas famílias enlutadas", diz Fábio Vilas-Boas, secretário da Bahia, sobre a fala de Novaes.

Com Mariana Carneiro e Guilherme Seto

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