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Editado por Fábio Zanini, espaço traz notícias e bastidores da política. Com Guilherme Seto e Danielle Brant

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Diretor-geral da PF escolhe novo superintendente do Rio, fora da lista de Bolsonaro

Tácio Muzzi vai substituir Carlos Henrique Oliveira, promovido a número dois da cúpula do órgão

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O diretor-geral da Polícia Federal, Rolando de Souza, definiu na noite de terça-feira (5) o delegado Tácio Muzzi como novo superintendente da corporação no Rio de Janeiro.

Foco de interesses da família Bolsonaro, a auperintendência da PF no estado também foi um dos alvos de embate de Jair Bolsonaro com o ministro da Justiça, Sergio Moro, que pediu demissão acusando tentativa de interferência política do presidente.

Após forte pressão interna e externa, o nome de Muzzi foi escolhido sem que estivesse entre os indicados de Bolsonaro.

Tácio Muzzi, escolhido para ser novo superintendente da PF do Rio - Ellan Lustosa/ Codigo19

Na tentativa de afastar suspeitas, dentro da corporação havia cobrança para que o novo superintendente não tivesse ligação com a família do presidente e que fosse um delegado respeitado internamente.

O diretor-geral da PF, Rolando de Souza, foi nomeado no começo da semana por Bolsonaro após indicação de Alexandre Ramagem, amigo dos Bolsonaro e primeiro nome escolhido pelo presidente para comandar a corporação, mas barrado por decisão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes.

A escolha do superintendente no Rio teve o aval do ainda atual chefe do órgão no estado, Carlos Henrique Oliveira, que foi promovido a número dois da PF.

Muzzi ficou no posto de superintendente interino no ano passado por cinco meses após explodir a crise em agosto, quando o presidente da República pediu, pela primeira vez, a troca da chefia no Rio.

Na época, ele era o braço-direito de Ricardo Saadi, que deixou o cargo depois de Bolsonaro anunciar sua demissão em uma das entrevistas matinais no Palácio da Alvorada.

A troca da chefia no estado na segunda (4), revelada pelo Painel, foi um dos primeiros atos do novo diretor-geral e levou a mais um capítulo de crise no órgão.

Em depoimento no último sábado (2), Sergio Moro relatou ​pressão de Bolsonaro para mudanças na cúpula da PF e na superintendência do Rio.​

"Moro, você tem 27 Superintendências, eu quero apenas uma, a do Rio de Janeiro”, disse Bolsonaro a Moro, por mensagem de WhatsApp, segundo transcrição do depoimento do ex-ministro à PF no inquérito que tramita no STF (Supremo Tribunal Federal).

O presidente havia sugerido nomes ao ex-ministro, mas Muzzi não estava entre eles.

O novo chefe da PF do Rio tem no currículo investigações consideradas importantes, como a que terminou na prisão do deputado estadual e ex-chefe da Polícia Civil do Rio Álvaro Lins. Durante a Lava Jato, ele chefiava a equipe de combate à corrupção.

Muzzi atuou, por exemplo, em investigações que atingiram os ex-governadores Sérgio Cabral e Anthony Garotinho, além do empresário Eike Batista.

Fora da PF, o delegado foi diretor do Depen (Departamento de Penitenciária Nacional) e diretor-adjunto do DRCI (Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional).

O presidente Jair Bolsonaro negou nesta semana interferir na PF e disse que não tem nenhum parente investigado pela corporação.

Como mostrou reportagem da Folha, porém, a PF no Rio tem uma série de apurações e interesses que esbarram nele e em sua família.

A preocupação com investigações, desconhecimento sobre processos, síndrome de perseguição, inimigos políticos e fake news são alguns dos principais pontos elencados por pessoas ouvidas pela Folha para tentar desvendar o que há no Rio.

Desde o episódio envolvendo um porteiro do seu condomínio na Barra da Tijuca, na investigação do assassinato de Mairelle Franco (PSOL), Bolsonaro passou a se preocupar ainda mais com o estado.
O presidente chegou a insinuar que o ocorrido era parte de um plano do governador Wilson Witzel (PSC-RJ).

O caso da "rachadinha" do então gabinete de Flávio Bolsonaro na Assembleia do Rio não está com a PF, mas o órgão tocava na época investigações envolvendo personagens em comum. Aliados do presidente, no entanto, divulgam por diversas vezes que a polícia possui uma série e informações deste assunto, guardadas em sigilo.

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