Água fria A insistência de Jair Bolsonaro na indicação de Alexandre Ramagem levou de volta o clima de instabilidade à Polícia Federal. A situação aparentava melhoras, mas a ação do presidente expôs o novo diretor-geral, Rolando de Souza, dando sinais de que sua gestão é temporária. Um ofício elaborado dentro da PF, fora do padrão, com elogios a Ramagem, levou a crise que antes estava do lado de fora para dentro do órgão, com forte desconfiança entre colegas.
Ato 1 Como revelou o Painel, o documento, do dia 30 de abril, foi elaborado por delegados próximos a Ramagem, que trabalham no setor de Recursos Humanos, após consulta feita pela AGU. A resposta, chamada de institucional, foi muito além do que foi perguntado, contestou a decisão do Supremo, e reconheceu a relação entre o policial e a família Bolsonaro, tratando como normal.
DNA A delegada Juliana de Sá Pereira Pacheco é quem assina a peça, no dia 30 de abril, um dia após a decisão de impedimento do STF. Ela é coordenadora de Recursos Humanos, cargo que foi ocupado por Ramagem em 2018.
Registro O ofício foi feito por Daniel França, coordenador da segurança de Bolsonaro por um período na campanha, e por Rodrigo Carvalho, que foi subordinado a Ramagem dois anos atrás no RH da Polícia Federal. França e Carvalho são responsáveis pela elaboração de pareceres para a AGU.
Ato 2 Delegados em cargos de chefia da PF interpretaram que o movimento foi feito de forma combinada, com a participação de Ramagem nos bastidores, desde o pedido da Advocacia Geral da União, até o documento de dentro do órgão. A PF tinha se recusado durante o período de crise a se manifestar.
Quanto tempo Tanto o ofício quanto a tentativa de Bolsonaro de reverter a suspensão da nomeação levaram a integrantes do órgão o mesmo recado, de que a paz está longe e o sangramento ainda vai continuar.
Com Mariana Carneiro e Guilherme Seto
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