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Editado por Fábio Zanini, espaço traz notícias e bastidores da política. Com Guilherme Seto e Danielle Brant

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Presidentes de Gaviões e Mancha dizem que organizadas não vão participar de manifestações

Dirigentes dizem que não podem criar rupturas dentro das torcidas que comandam

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Os presidentes das principais torcidas organizadas de Corinthians e Palmeiras, Gaviões da Fiel e Mancha Alviverde, afirmam que as instituições não convocaram seus membros para as manifestações em defesa da democracia e contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) neste domingo (31), e que, no momento, não preveem participação nos próximos protestos.

Torcedores de diversos times rivais na capital reuniram-se na avenida Paulista e fizeram ato pró-democracia no mesmo horário em que se manifestavam apoiadores do presidente. Um tumulto teria começado após, segundo a PM, bandeiras neonazistas terem sido exibidas por membros do grupo pró-Bolsonaro.

Ainda que vestissem adereços relacionados às torcidas organizadas, eles compareceram ao ato sem terem sido chamados pelas diretorias das entidades, dizem os presidentes.

André Guerra, presidente da Mancha, diz que teme criar uma ruptura dentro da própria entidade caso convoque seus membros para atos contra o governo.

"Não dá para envolver uma entidade que é gigante e que tem pessoas que pensam de diversas formas. Você vai criar uma ruptura dentro da própria entidade. O momento político que a gente vive no país é muito polarizado, nem dentro das próprias famílias as pessoas conseguem chegar a um acordo", diz.

Guerra tem uma leitura sobre a presença dos membros de organizadas no ato de domingo (31). Segundo ele, os membros dessas torcidas são majoritariamente da periferia, e estariam cansados de terem sido excluídos do discurso do governo Bolsonaro.

"Você vê que a manifestação [a favor de Bolsonaro] não é ligada ao povo. Não é a classe mais trabalhadora que é pró-governo. Você não vê representatividade do povo. O discurso que o governo vem pregando, com o militarismo, acredito que o povo não vai apoiar isso. Você vê que as manifestações pró-governo não emplacam", diz.

Ele diz que não há muitos bolsonaristas na Mancha. No entanto, afirma, a entidade é democrática, e ele, como presidente, não passará por cima dos que não são a favor dos atos contra Bolsonaro.

"Acho que as manifestações populares vão crescer, os democratas estavam adormecidos. Domingo que vem vai estar um pouco maior. Mas como Mancha, não posso me posicionar. Tenho que posicionar a entidade", diz.

Como mostrou a Folha, integrantes das torcidas planejam voltar às ruas no próximo fim de semana, expondo divisões internas.

Rodrigo Tapia, o Digão, presidente da Gaviões da Fiel, apresenta argumentos similares. Ele diz que a entidade tem história na defesa da democracia e segue nessa luta, mas por enquanto não marcará posição.

"O Gaviões sempre apoiou a democracia e brigou por ela. Mas a diretoria executiva não levantou essa bandeira [de presença na manifestação de domingo]. Se eu fizesse isso ia machucar algumas pessoas também que gostam do Bolsonaro", diz. "É uma instituição muito grande, muita gente pensa diferente".

"Eu, particularmente, não vou entrar nessa questão enquanto estiver como presidente. Dentro do Gaviões tem todo tipo de pessoa que você imaginar. Tem bolsonarista, lulista, tem quem odeie os dois. O Gaviões vai ficar olhando de cima, mas sempre apoiando a democracia", completa.

Sobre a possibilidade de marcharem juntas caso haja um cenário político mais agudo, Guerra e Digão tem visões divergentes.

"É como água e vinho. Não se misturam. Elas têm o mesmo perfil, 80% dos associados da periferia. Por isso que tinha muita gente de organizada lá ontem. O contingente da torcida é o povão. Mas não enxergo nada em conjunto. Tem muita divergência. Aconteceram muitas mortes nos últimos anos", diz o presidente da Mancha.

Digão diz que não tem problemas com a Mancha e, apesar de hoje estarem mais afastados, sentaria com eles sem problemas para conversar.

"Já participamos de ato para homenagear a Chapecoense juntas, com Independente [São Paulo], Jovem [Santos]. Puxamos o bonde. Sobre futebol, falamos no batalhão, sobre paz nos estádios. Para esse lado político, não sei como funcionaria", diz.

Com Mariana Carneiro e Guilherme Seto

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