O governador João Doria (PSDB) nomeou Denise Abreu para a presidência do conselho do Fundo Social de São Paulo, instituição destinada às políticas para a população vulnerável e que é comandada pela primeira dama Bia Doria, de quem ela é amiga pessoal. A nomeação foi feita em 26 de junho.
Quando prefeito da capital, em 2018, o próprio Doria demitiu Denise do cargo de diretora do departamento de Iluminação (Ilume) da cidade após ela ter protagonizado um dos maiores escândalos de sua passagem pela gestão municipal.
Ela foi exonerada após uma funcionária da prefeitura gravá-la numa conversa na qual indicava que uma empresa responsável pela iluminação em São Paulo, a FM Rodrigues, pagava propina para ela. A FM Rodrigues ganhou em consórcio a maior PPP (Parceria Público Privada) do mundo, no valor de R$ 7 bilhões, para cuidar da iluminação de São Paulo.
Na gravação, Denise também acusava dois secretários da prefeitura, Júlio Semeghini (hoje membro do governo federal) e Marcos Penido (atualmente na gestão Doria), de receberem propina da Eletropaulo. Eles negaram qualquer envolvimento.
Ela virou alvo de investigação do Ministério Público de São Paulo por suspeitas de recebimento de propina, posteriormente arquivada por falta de provas.
Antes ainda disso, era diretora da Anac por ocasião do acidente do avião da TAM que não conseguiu parar na pista de Congonhas e explodiu, matando 199 pessoas, em 2007. Ela foi processada sob acusação de agir com imprudência ao liberar a pista do aeroporto paulistano. Foi absolvida posteriomente.
A nomeação para o Fundo Social é definida como inexplicável por membros da gestão Doria, que veem a incorporação de ônus significativo sem retorno positivo.
No Fundo, Denise já tem se envolvido em polêmicas. Servidores de outras partes de governo, desde funcionários do baixo escalão até consagrados, reclamam das interações ríspidas. Não raro, ela destaca que já foi procuradora do estado.
Denise chegou ao Fundo Social por intermédio da primeira dama Bia Doria, de quem é amiga pessoal. Presidente do Fundo Social, Bia declarou na semana passada que não se deve ajudar os moradores de rua, pelo que foi duramente criticada.
A proximidade das duas fez com que, inclusive, Bia tivesse que depor ao Ministério Público na investigação sobre o Ilume. Após levar Denise para conhecer o padre Marcelo Rossi, Bia foi acusada de ter mandado instalar equipamentos de iluminação pública no templo Theotokos, o que negou.
O santuário na zona sul de São Paulo é privado e não faz parte dos locais que deveriam ser iluminados pela prefeitura.
Em nota, a assessoria de imprensa do Fundo Social afirma que não há impedimento legal para que Denise Abreu exerça qualquer cargo público.
Afirma também que a investigação do Ministério Público sobre o Ilume foi arquivada e homologada pela Justiça de São Paulo.
Por fim, diz que, em razão de modificações na estrutura do órgão, a passagem dela na cadeira foi apenas temporária e que o Diário Oficial desta quinta (9) traz a nomeação de nova presidente, Francine Eugenio Lopes.
O decreto de nomeação de 26 de junho, por outro lado, diz que Denise integraria o conselho por mandato de dois anos, "cabendo-lhe, ainda, exercer a Presidência do aludido órgão colegiado".
Segundo relatos ao Painel, a decisão de tirá-la da presidência foi tomada após a solicitação de posicionamento feita pela coluna. Denise deve continuar no Fundo com as mesmas funções, mas sem o cargo de presidente.
Com Mariana Carneiro e Guilherme Seto
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