“Os movimentos que derrubaram a Dilma agora estão juntos em uma chapa”. É assim que apoiadores do deputado estadual Arthur “Mamãe Falei” do Val (Patriota) anunciam que Adelaide Oliveira, do Vem Pra Rua, será a vice na pré-candidatura do membro do MBL à Prefeitura de São Paulo.

Os dois movimentos estiveram entre os principais mobilizadores de manifestações nas ruas a partir de 2014, e ajudaram a potencializar a pressão que culminou no impeachment da presidente. O deputado e Adelaide despontaram como lideranças desses grupos ao longo dos anos.

Adelaide será anunciada como vice da chapa nesta quinta-feira (20), às 19h30, em evento no bairro do Morumbi, transmitido nas redes sociais.

A corretora de imóveis de 59 anos foi coordenadora nacional, porta-voz e líder nacional do Vem Pra Rua. Ela se afastou do grupo agora para participar da campanha eleitoral. Os grupos se definem como suprapartidários e não terão envolvimento com as campanhas.

“Os movimentos de rua, principalmente MBL e VPR, deixaram um legado para o país. Mudamos o ‘mindset’ do brasileiro, fizemos as pessoas pensarem em política. As pessoas se reuniam para falar de Carnaval e futebol”, diz Adelaide ao Painel.

“Temos, eu e o Arthur, os mesmo valores que levaram todo mundo para a rua. Uma pauta mais liberal, anticorrupção, na qual trabalhamos esses anos todos”, completa.

O movimento do qual foi uma das principais lideranças anunciou uma guinada nos últimos meses e passou a divulgar campanhas “Fora, Bolsonaro”. Ela afirma que a decepção com o mandato tem sido grande, ainda que não possa mais falar pelo VPR.

“O VPR não mudou. Quem mudou foi o Bolsonaro. Queremos combate à corrupção, as pautas do ex-juiz Sergio Moro, defendemos a prisão em 2ª instância. A gente queria reformas administrativa, tributária, um Estado menor. Nada disso aconteceu. Tem sido uma decepção, em muitos aspectos. Sonhávamos que as coisas aconteceriam de maneira diferente”, afirma.

Por outro lado, ela diz que ainda é necessário esperar para marcharem pelo impeachment, como fizeram contra Dilma Rousseff. “Não dá para pedir impeachment pelo conjunto da obra. Sou legalista”.

Sobre a cidade de São Paulo, ela critica o prefeito Bruno Covas (PSDB) pelo que considera atitudes “fracas” durante a pandemia, como a decisão de fazer um rodízio ampliado e depois desistir dela.

“As atitudes dele são titubeantes, e São Paulo precisa de alguém que dá soco na mesa.”

​Como alternativa, ela aponta a redução de secretarias, a criação de empregos no setor imobiliário e a abertura de escolas para a comunidade.

“Precisamos reduzir a máquina pública. Se não reduzirmos, não vai ter dinheiro para nada. Vamos começar reduzindo as secretarias. Acho que dá para enxugar. E não é questão ideológica, é muito prática. Sabe dona de casa? Faltou dinheiro, vai lá e corta um monte de coisa: não vai para o clube, não compra de perfume, não vai ao shopping”, explica.

Ela diz que proporá atenção especial ao setor imobiliário, que descreve como sua “cozinha”. “Criar emprego em SP vai muito da atividade imobiliária como um todo. Corretores, arquitetos, engenheiros, pequenas obras, o pedreiro mesmo, grandes obras. É uma atividade que gera muito emprego. Sou corretora, vivo o mercado imobiliário todos os dias.”

Por fim, anuncia um projeto “Educação 360”, segundo o qual se transformaria em espaço de convivência não apenas de alunos, mas de toda a sociedade.