Os ministros de Jair Bolsonaro deram versões divergentes sobre o tema da reunião entre o presidente e a cúpula das Forças Armadas em 2 de maio, às vésperas da participação de Bolsonaro em ato com pautas antidemocráticas, com o STF como principal alvo.
No domingo (3), após o ato, Bolsonaro falou pelas Forças Armadas e disse que não teria mais diálogo com o Supremo. Ele mostrava irritação com a decisão do ministro do STF Alexandre de Moraes de barrar a nomeação de Alexandre Ramagem, amigo de seus filhos, para a Direção-Geral da Polícia Federal.
"Tenho certeza de uma coisa, nós temos o povo ao nosso lado, nós temos as Forças Armadas ao lado do povo, pela lei, pela ordem, pela democracia, e pela liberdade. E o mais importante, temos Deus conosco", afirmou.
"Peço a Deus que não tenhamos problemas essa semana. Chegamos no limite, não tem mais conversa, daqui pra frente, não só exigiremos, faremos cumprir a Constituição, ela será cumprida a qualquer preço, e ela tem dupla mão", completou.
Em resposta a pedido via Lei de Acesso à Informação do deputado Ivan Valente (PSOL), Fernando Azevedo, da Defesa, disse que foram discutidos "aspectos relacionados ao enfrentamento da Covid-19".
Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional, afirmou que foi discutida "a participação das Forças Armadas no combate ao desmatamento da Amazônia".
Pedro Cesar Nunes Ferreira, do gabinete pessoal do presidente, respondeu que a reunião tratou de "assuntos institucionais afetos às atribuições dos órgãos ali representados", explicação que foi replicada pelo ministro Braga Netto, da Casa Civil. Todos disseram que não houve convite formal (apenas verbal) nem ata e que o ato antidemocrático do dia seguinte não foi tema de discussão.
Reportagem da revista Piauí afirma que Bolsonaro manifestou intenção de mandar tropas para o STF 20 dias depois.
Com Mariana Carneiro, Guilherme Seto e Nathalia Garcia
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.