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Editado por Fábio Zanini, espaço traz notícias e bastidores da política. Com Guilherme Seto e Danielle Brant

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Bolsonaro disse que não é homofóbico, afirma travesti que foi convidada para almoço no Alvorada

Cabeleireira Addila Costa estava na multidão que acompanhou Sete de Setembro em Brasília

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Detentor de vasto histórico de ofensas e ataques à população LGBTQIA+, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) recebeu a travesti Addila Costa, 35, para um almoço no Palácio da Alvorada nesta segunda-feira (7).

A cabeleireira e maquiadora cearense viajou à Brasília para participar dos eventos do Sete de Setembro e para saudar Bolsonaro. Na multidão, carregando uma bandeira estampada com as cores do arco-íris e o rosto do presidente, gritou por Agustin Fernandez, maquiador e amigo da primeira-dama Michelle Bolsonaro, apelidada de "diva suprema" por Addila.

Há algumas semanas, Michelle promoveu uma festa de aniversário na residência presidencial para Agustin, o "divo". O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, e a ministra Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos) marcaram presença.

Addila Costa e Bolsonaro em encontro no Palácio da Alvorada, em Brasília
Addila Costa e Bolsonaro em encontro no Palácio da Alvorada, em Brasília - Reprodução

Addila queria uma foto com Bolsonaro, mas Agustin pediu que esperasse até depois do evento. E então foi abordada por um segurança, entrou em um veículo presidencial e foi levada ao encontro de Bolsonaro.

"Foi um tratamento extremamente natural, simples, com muito amor e respeito, não só da parte dele como de toda a família. Ele me chamou, disse para eu sentar mais próxima dele, tivemos um papo muito especial. Começou a rir das minhas brincadeiras, porque cearense não nasce, estreia. Foi super divertido, leve, descontraído", diz Addila.

"A grande mídia rotulou, disse que é preconceituoso, homofóbico, eu sempre soube que não. Não votei nele, mas meu coração sempre dizia que tinha uma coisa errada. Depois fui estudar e descobri que tudo é jogo de marketing. Descobri que ele era o único cara que defendia o único cara gay do sistema, brigando para que respeitassem o Clodovil [Hernandes (1937-2009), estilista e deputado federal, com quem Bolsonaro conviveu na Câmara] ", afirma a cabeleireira.

Addila Costa durante almoço no Palácio da Alvorada, em Brasília
Addila Costa durante almoço no Palácio da Alvorada, em Brasília - Reprodução

O cardápio foi mais trivial do que os docinhos no formato da marca Louis Vuitton encomendados para a festa de Agustin: arroz, feijão, bife, alface e tomate, acompanhados de um suco de laranja.

Addila disse ter sido "a melhor comida do mundo", com "amor, simplicidade, humildade e carinho".

Ela conta que Bolsonaro lhe deu um abraço e disse nunca ter sido homofóbico. "E olhar fala mais do que palavras. O olhar de carinho por mim foi muito bom". Ela foi apresentada também a Letícia, filha da primeira-dama. Disse ter sido tratada como gosta de ser tratada, como "ser humano, não como uma classe".

Nessa fase em que tenta evitar conflitos, chamada por alguns de "paz e amor", Bolsonaro tem buscado projetar uma faceta mais simpática sobre grupos em relação aos quais já fez declarações ofensivas. Em discursos no Nordeste, onde tem inaugurado obras, exaltou os moradores da região, que já chamou de "paraíbas" em passado recente.

Em 2011, declarou que seria incapaz de amar um filho homossexual. "Prefiro que um filho meu morra num acidente do que apareça com um bigodudo por aí", disse à revista Playboy. Em dezembro de 2019, disse que um repórter tinha cara de "homossexual terrível".

Addila diz que "quem vive de passado é museu".

"Amo [o que Bolsonaro já disse sobre a população LGBTQIA+ ]. Eu também falo o que quiser, sou livre para falar, tem coisa que falo que depois fico me perguntando se fui eu mesmo que falei. Mas por que vocês insistem em ficar só com essa fala? Mudem o discurso. Falem do presidente que recebeu um ser humano incrível no Palácio da Alvorada, coisa que nenhum presidente faz", afirma, crítica à cobertura feita pela Folha do governo federal.

"Falem das coisas boas que ele está fazendo", pede Addila. "Nossa, só de não estar roubando acho o máximo."

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