Planilhas analisadas pela Polícia Federal em um inquérito contra o PCC (Primeiro Comando da Capital) revelam minuciosa organização contábil interna. Os documentos mostram que gastos diversos das casas de apoio a famílias de integrantes da facção nas proximidades de presídios eram bancados pelo caixa do grupo.
Açougue, manutenção e instalação de chuveiro, táxi, frutas, verduras e até “leite para as crianças” aparecem nas tabelas, que o Painel teve acesso. A investigação aponta ainda que mesadas pagas a membros variam de acordo com os serviços prestados ao comando.
Segundo o inquérito policial, existem três escalas de valores de repasses mensais: R$ 1.500 para os presos por envolvimento em situações particulares, R$ 3.000 para quem entrou no presídio por relação direta com a organização e R$ 4.000 para detidos em razão de missão determinada pelo PCC, como o assassinato de agentes públicos.
A investigação culminou na deflagração da segunda fase da operaçã Caixa Forte, na segunda-feira (31) passada, dita a maior ação da história da PF no combate a facções criminosas, segundo o delegado Cairo Duarte, superintendente em Minas Gerais.
A missão envolveu o cumprimento de 623 ordens judicias, sendo 422 mandados de prisão preventiva e 201 mandados de busca e apreensão.
O dinheiro utilizado pelo PCC, sugere a investigação, é proveniente do narcotráfico. Segundo a polícia, as movimentações bancárias dos investigados são incompatíveis com a renda e patrimônio.
Coordenador geral de repressão a drogas e facções criminosas da PF, o delegado Elvis Secco, tem dito que o foco do órgão é o de sufocar financeiramente as facções.
Como mostrou a Folha, o ex-guerrilheiro chileno Maurício Hernández Norambuena, 62, um dos sequestradores do publicitário Washington Olivetto em 2001, está na lista das pessoas ligadas ao PCC que tiveram a prisão decretada pela Justiça de Minas.
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