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Editado por Fábio Zanini, espaço traz notícias e bastidores da política. Com Guilherme Seto e Danielle Brant

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Brasileiros resistem às vacinas chinesa e russa, mostra pesquisa

Resultados também apontam que rejeição à imunização vinda do país asiático aumenta entre os que aprovam o governo Bolsonaro

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A população brasileira está menos propensa a receber uma vacina contra o coronavírus que tenha como origem a China, ou seja, fruto de uma parceria com laboratórios do país asiático, ou a Rússia.

A rejeição a um tipo de imunização produzida na China aumenta ainda mais, quando se tratam de brasileiros que aprovam a gestão do presidente Jair Bolsonaro.

As conclusões estão presentes em estudo feito pelo Centro de Pesquisa em Comunicação Política e Saúde Pública, da Unb (Universidade de Brasília). Foram entrevistados 2.771 pessoas no estudo.

Também participaram do estudo acadêmicos da Universidade Federal de Goiás, da Universidade Federal do Paraná e da canadense Western University.

A vacina chinesa virou alvo de disputa política, envolvendo o governo do presidente Jair Bolsonaro e o governador paulista João Dória (PSDB).

O ápice da disputa aconteceu nesta quarta-feira (21), quando Bolsonaro desautorizou seu ministro Eduardo Pazuello (Saúde), afirmando que não vai comprar a vacina chinesa - um dia após Pazuello anunciar um protocolo de intenções para a compra de 46 milhões de doses da vacina desenvolvida em parceria entre o Instituto Butantan e o laboratório chinês Sinovac.

De uma maneira geral, os brasileiros se mostram favoráveis a receber uma vacina contra a Covid-19. O estudo mostra que 78,1% do total de entrevistados se mostraram favoráveis a receberem algum tipo de imunização - quando não se detalha de qual país será originária a vacina.

"Embora não conste no questionário apresentado uma pergunta específica sobre a motivação, é bem razoável supor que os brasileiros consideram que uma ponta para retomar uma vida normal passa pela vacina", afirma Wladimir Gramacho, coordenador do estudo.

"Quando ligamos a vacina a um país, por outro lado, acende uma preocupação nos brasileiros. Particularmente em relação à China, por causa da polarização política atual, do fato de que o vírus veio daquele país", completa.

O estudo mostra que a intenção em tomar uma vacina contra a Covid-19 se reduz em 16,4% quando se trata de uma vacina que tenha sido desenvolvida na China. ​

Dentre as pessoas que consideram o governo Bolsonaro bom ou ótimo, 52,2% afirmaram que há pouca ou nenhuma chance de tomara uma vacina chinesa.

Apenas 26,6% dos apoiadores do presidente afirmaram que há muita chance de se vacinarem se a substância for produzida na China.

Embora não com os mesmos níveis de rejeição, os brasileiros também se mostraram contrários a serem imunizados com uma vacina produzida na Rússia. A intenção de se vacinarem se reduz em 14,1% quando os entrevistados são questionados sobre a possibilidade de tomarem uma imunização proveniente daquele país.

Em relação aos que aprovam a gestão do presidente Bolsonaro, 36% afirmam que há pouca ou nenhuma chance de se vacinarem com uma vacina russa. Os resultados mostram que 29,3% dos entrevistados afirmam que há muita chance de se vacinarem com uma vacina russa.

"Trata-se de uma opinião muito parecida com a do presidente", afirma o coordenador do estudo.

Gramacho diz que a explicação pode estar ligada ao fenômeno dos "atalhos cognitivos". Quando as pessoas se encontram diante de uma situação complexa - como a pandemia do novo coronavírus - em que não há tempo ou meios para obter uma informação de qualidade, como compreender estudos científicos, há uma tendência a seguir visões de formadores de opinião ou pessoas influentes.

"Por outro lado, o estudo mostra que não faz muita diferença de onde vem a vacina para aqueles que reprovam o governo Bolsonaro. Só diminui um pouco a intenção de se vacinar", explica.

Dentre os que consideram o governo ruim ou péssimo, 18% afirmam que há pouca ou nenhuma chance de se vacinarem com a vacina chinesa. O índice fica muito parecido quando questionados a respeito de vacinas russas (19,2%), americanas (15,9%) ou da vacina da universidade de Oxford (16,3%).

Após grande pressão de governadores, o Ministério da Saúde anunciou na terça-feira (20) um protocolo de intenções para a compra de 46 milhões de doses da vacina desenvolvida pelo Butantan e a chinesa Sinovac.

No dia seguinte, no entanto, Bolsonaro afirmou que não iria comprar a vacina chinesa e afirmou que o brasileiro “não será cobaia de ninguém”.

O Ministério da Saúde informou então que houve uma “interpretação equivocada” da fala do ministro Pazuello.

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