O prefeito Bruno Covas (PSDB) convidou a vereadora Soninha Francine (Cidadania) a participar de grupo que elabora a parte sobre Assistência Social de seu programa de governo.
Recentemente, também nomeou João Cury para o cargo de conselheiro do Conpresp, órgão municipal de preservação do patrimônio. Ele foi eleito em seguida para o cargo de presidente do conselho.
Soninha e Cury têm em comum experiências desgastantes com o atual governador do estado, João Doria (PSDB). Com o movimento que faz de agregá-los, Covas marca diferença para Doria, que tem alto índice de rejeição, e mostra faceta mais diplomática.
Em vez de apostar de saída na polarização, Covas tem tentado se mostrar como um articulador capaz de mobilizar demandas da esquerda e da direita. Nesse sentido, distancia-se de Doria, que já antagonizou radicalmente com petistas, bolsonaristas e até mesmo tucanos.
Soninha foi secretária de Assistência Social por cinco meses da gestão Doria, em 2017, e teve a demissão divulgada em vídeo gravado pelo então prefeito. O aparente constrangimento da então secretária na gravação virou tema de debate à época.
Doria também começou a multar secretários que chegassem atrasados a reuniões após se irritar em ocasiões em que Soninha não teria chegado no horário combinado. Por fim, ela teve dificuldades em trabalhar com o seu adjunto à época, Filipe Sabará (Novo), escolhido por Doria, com quem tinha divergências significativas sobre o papel da Assistência Social.
Agora ela faz parte de um dos grupos setoriais dedicados a aprofundar as diretrizes do programa de governo de Covas.
"O Bruno tem uma visão muito mais alargada de pautas sociais e de direitos humanos. Nem se compara", diz. "O Doria tem as qualidades de ser prático e objetivo, mas talvez esse seja um problema, pois tem sutilezas de questões humanas que você não resolve assim tão facilmente".
A vereadora explica que o grupo tem como objetivo "ver o que está sendo implantado em fim de governo e estabelecer um plano para o próximo".
Entre ações mais específicas que têm sido discutidas pelo grupo está, por exemplo, a criação de serviços de baixa exigência para pessoas em situação de rua, ou seja, espaços que possam frequentar sem que precisem cumprir tantas regras ou preencher requisitos, destinados especialmente àqueles mais refratários à rede de atendimento.
A escolha de Cury por Covas é particularmente negativa para Doria, já que o órgão delibera sobre tombamentos e emite autorizações para grandes construções na cidade. Cury foi expulso do PSDB após apoiar Márcio França, do PSB, em 2018, em campanha contra Doria pelo governo do estado.
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