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Editado por Fábio Zanini, espaço traz notícias e bastidores da política. Com Guilherme Seto e Danielle Brant

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Comissão na Câmara que discute Covid-19 vira palco de negacionistas

Seleção de médicos críticos à vacinação contra a doença foi feita por lider do governo

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Audiência pública realizada pela comissão externa de acompanhamento da Covid-19, da Câmara dos Deputados, reuniu médicos que são críticos à vacinação em massa e negam a gravidade da doença.

A seleção foi feita pelo líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR). O presidente Jair Bolsonaro já fez comentários críticos à vacina e defendeu o tratamento de doentes em vez da imunização, apesar dos esforços globais na direção oposta.

A audiência virtual desta quarta (28) reuniu defensores da hidroxicloroquina, como Nise Yamaguchi, Paolo Zanotto e Anthony Wong.

Nise Yamaguchi, que é imunologista, oncologista e diretora da Associação Brasileira de Mulheres Médicas, afirmou que a vacina pode não gerar imunidade contra a Covid, fazendo paralelo com casos de pacientes que não apresentaram imunidade prolongada após a infecção pela doença.

Sem apresentar comprovação científica, ela afirmou que pessoas que já foram contaminadas podem ter um retorno da infecção caso sejam vacinadas.

Segundo Nise, está havendo aumento de casos de infartos, estupros, violência doméstica e câncer. “Tudo isso tem que ser contextualizado com doença que tem taxa de mortalidade inferior a 1%”, disse, referindo-se às mortes por Covid-19.

Anthony Wong, que é diretor do centro de assistência toxicológica do Hospital das Clínicas, minimizou a doença e disse que estamos em meio a uma “pânicodemia”.

“Demonizaram um vírus que era tão importante quanto o H1N1 ou uma bactéria”, disse.

Sem mostrar como chegou à conclusão, ele afirmou que se o Brasil tiver uma segunda onda de alta de infectados, ela ocorrerá em maio.

Gestores do SUS, no entanto, se preparam para uma nova alta na virada do ano, após as festas de Natal.

O especialista afirmou ainda que até maio haverá o verão e que, com as altas temperaturas, o vírus poderá ser controlado, uma vez que ele não sobrevive no sol.

Paolo Zanotto, que é virologista e professor do departamento de Microbiologia da USP, dedicou parte de sua fala ao que ele chamou de “guerra cultural” em torno da doença e criticou o que considera censura por expressar suas opiniões a respeito da doença.

“Um pequeno vírus virou a justificativa para se modificar o cotidiano das pessoas de forma imposta”, afirmou. “Foram colocadas duas mordaças na cara das pessoas. Uma para que o vírus não passe [em alusão às máscaras] e outra no artigo 5º da Constituição”.

Segundo ele, foram impostas alterações no cotidiano das pessoas, em razão da Covid-19, por interesses particulares e não em defesa da saúde coletiva.

Os discursos dos especialistas foram acompanhados de intervenções de parlamentares que também se mostraram descrentes da eficácia da vacina contra a Covid-19.

A deputada Paula Belmonte (Cidadania-DF) afirmou que ela e a família tomaram um vermífugo, o que teria lhe garantido melhor resposta contra a doença.

O tratamento com vermífugos não tem endosso científico. Especialistas também afirmam que a maior parte dos infectados terá quadros brandos da doença, que não evoluirão para uma síndrome respiratória aguda.

"Nós todos passamos pela Covid e de uma maneira muito tranquila, nem tivemos febre. Por isso, aquele medidor de temperatura nos supermercados não tem nenhuma eficácia. A gente teve e não teve febre", afirmou. "Existem alternativas mais seguras do que a vacina".

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