Em processo contra a Record, em 2018, uma ex-funcionária da TV diz ter sido pressionada por Celso Russomanno (Republicanos) em um caso envolvendo assédio moral.
A jornalista Mara Flávia Araújo afirma à Justiça que o político, que era seu chefe, insistiu para ela desistir de uma outra ação contra a emissora, por horas extras e questões trabalhistas.
Como não abriu mão, foi retaliada ao ser deixada fora de projetos e gravações e acabou demitida, ela conta no processo. Mara trabalhava no Patrulha do Consumidor, programa apresentado pelo deputado.
O processo de danos morais de Mara Flávia foi impetrado apenas contra a Record. Russomanno aparece nos autos como a pessoa da emissora que concretizou as pressões.
A assessoria do candidato diz que o processo de danos morais não tem nada a ver com ele. Afirma que Russomanno tem relação muito boa com a ex-funcionária e que processaria a Folha se a reportagem fosse publicada. A Record não comenta.
Mara Flávia diz à Justiça que foi demitida pela emissora por não atender aos pedidos de Russomanno de desistir dos pleitos trabalhistas —horas extras, entre outros. Por isso, ela decidiu entrar com a ação de danos morais.
Enquanto os processos ainda corriam, ela foi contratada em 2019 para trabalhar no gabinete de Russomanno na Câmara, onde ficou nove meses —salário de R$ 6.294.
Depois foi trabalhar no Procon estadual de São Paulo, na área de atuação do deputado, de proteção ao consumidor, onde está até hoje, com salário mais alto, R$ 10 mil.
Como prova de que foi pressionada pelo parlamentar, sob ameaça de demissão, a jornalista anexou áudios com o então chefe. “Seria bom você dar um toque pro advogado, dizer que você não pode continuar com essa ação por conta de você estar trabalhando na empresa”, diz transcrição do áudio do deputado.
“Gostaria de confirmar se você não deseja renunciar ao processo? Pelo que o deputado me informou, a renúncia é fundamental para que você permaneça na Record”, diz mensagem que Mara afirmou ser de uma assistente pessoal de Russomanno chamada Fernanda.
Em julho de 2018, a Record foi condenada a pagar R$ 300 mil para Mara, referentes ao processo trabalhista original. A emissora recorreu e a última movimentação do processo no Tribunal Regional do Trabalho, em abril de 2020, diz que um órgão competente apreciará "o acordo".
Mara e Russomanno mencionaram em seus posicionamentos que a jornalista e a emissora chegaram a um acordo sobre as pendências trabalhistas.
Em agosto do mesmo ano, a emissora foi condenada a indenizar Mara Flávia por danos morais e demissão por discriminação. Após recursos, a Record terminou de pagar R$ 36 mil à ex-funcionária em junho de 2019.
Procurada pelo Painel, Mara Flávia ressaltou que o processo foi unicamente movido contra a Record e que Russomanno não figurou em nenhum dos pólos da ação. Também disse que não tem qualquer interesse em vincular seu nome ao do candidato.
Com Carlos Petrocilo
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