Perguntado se está bem, Jilmar Tatto (PT) responde que está, sim, depois de uma boa noite de sono, e que agora já está pronto para outra. E essa nova missão será entrar de cabeça na campanha de Guilherme Boulos (PSOL), com quem disputava uma vaga no segundo turno da eleição de São Paulo até domingo (15).
O ex-secretário municipal de Transporte almoçou nesta segunda-feira (16) com o ex-presidente Lula e com Gleisi Hoffmann, presidente do partido, e no encontro definiram que Tatto cuidará da coordenação dos apoios petistas ao líder do MTST.
Ele será o responsável pela organização da mobilização de vereadores, deputados e apoiadores do PT em favor do ex-concorrente, com quem deverá se encontrar nesta terça (17).
"Não existe qualquer mágoa nem nada do tipo. Pelo contrário. Vamos entrar com tudo na campanha do Boulos", diz ao Painel.
No domingo (15), Lula disse que a decisão de manter a candidatura de Tatto foi do candidato, e que foi soberana. A declaração caiu mal no PT e soou como tentativa de jogar todo o ônus da derrota que se avizinhava nas costas do candidato. Orlando Silva, do PC do B, escreveu que até na guerra existem regras, e que não se abandona um companheiro ferido.
"O Lula já fez tanto para o povo brasileiro que não consigo ver nada errado no que ele faz. Não há espaço para ódio no meu jardim, como diz o Mujica [ex-presidente do Uruguai]. Se o Boulos é o meu irmão mais novo, o Lula é meu pai. Jamais vou criticar", diz Tatto sobre o episódio.
Tatto lista um conjunto de fatores para que a campanha não tenha decolado e agora tenha ficado com a pecha de pior desempenho na história do PT na cidade.
Primeiro, o fato de ele não ser um nome conhecido, o que para ele faz parte de um processo natural de renovação do partido. Segundo, a pandemia, que fez com que as campanhas feitas na rua não atingissem o tamanho esperado. Terceiro, a audiência dos programas eleitorais na TV, que ficou abaixo do esperado, diz.
Ele relata, por outro lado, que a campanha não foi considerada ruim pela militância do partido e que tem sido bastante celebrada internamente.
"A militância está feliz. Eles estavam sentindo falta de um candidato para brigar pelas cores do partido, pelo legado, pelas conquistas, e foi o que eu fiz", afirma, apontando que o PT conseguiu eleger oito vereadores na Câmara, estabelecendo-se como a maior bancada ao lado do PSDB, que encolheu.
Tatto ainda ressalta a importância de sua candidatura no processo de desidratação de Celso Russomanno (Republicanos), candidato de Jair Bolsonaro que perdeu forças ao longo da campanha. O deputado federal concentrava suas intenções de voto nas classes mais baixas, assim como Tatto, que chegou a 8%.
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