Diversos quadros da Polícia Federal se disseram decepcionados com Anderson Torres (Justiça) pelo anúncio do novo diretor-geral. O escolhido para o cargo, Paulo Maiurino, está fora da PF desde 2009, ocupando funções políticas nesse período.
Na opinião de servidores ouvidos pela coluna, a decisão de Torres causa preocupação com a imagem de independência da polícia. Delegados também apontam que, pelo tempo fora, Maiurino não tem história na PF para ter chegado ao posto.
Internamente, Maiurino tem sido comparado com Kássio Nunes Marques, do Supremo: alguém que correu por fora e conseguiu alcançar o cargo. Assim como o ministro, ele é visto com desconfiança pela proximidade com o meio político.
O principal receio é de como o novo diretor vai gerenciar crises provocadas pelos trabalhos sensíveis da PF, principalmente os de combate à corrupção.
Quem conhece Maiurino, porém, o defende. Essas pessoas dizem que ele levará novos ares ao órgão. Em 2019, Jair Bolsonaro disse à Folha que era preciso dar uma "arejada" na polícia.
O currículo de Maiurino diz que ele é assessor especial de segurança institucional do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) desde setembro de 2020.
Antes disso, foi secretário de segurança do STF, membro do conselho de Segurança Pública do estado do Rio de Janeiro (jan.2019 a set.2020) e secretário de Esporte na gestão Geraldo Alckmin (PSDB-SP) (mai.2016 a mai.2018).
Ele também foi assessor especial da Secretaria de Segurança do Distrito Federal na gestão de Agnelo Queiroz (PT).
O comando da PF é considerado estratégico por Bolsonaro e esteve no centro da disputa do presidente com o ex-ministro da Justiça Sergio Moro.
Ao pedir demissão do governo, Moro acusou Bolsonaro de tentar interferir politicamente na PF, órgão que mantém investigações no entorno de aliados e da família presidencial.
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