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Editado por Fábio Zanini, espaço traz notícias e bastidores da política. Com Guilherme Seto e Danielle Brant

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Bruno Covas tinha potencial para ser presidente da República, diz economista-chefe da XP

Caio Megale foi secretário municipal da Fazenda na administração do tucano

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Economista-chefe da XP Investimentos e ex-secretário municipal da Fazenda, Caio Megale afirmou ao Painel em julho de 2020 que via Bruno Covas (PSDB) como político de potencial para disputar a Presidência —o que a coluna não publicou à época.

“Ele me impressionou muito administrativamente. Tomava decisões duras, impopulares. Era pragmático. Tinha capacidade de liderança, tomava as decisões que precisava e com embasamento técnico. Eu fazia contas e via que ele não precisaria abandonar mandatos, que é algo que desgasta muito", diz Megale neste domingo (16), dia em que Covas morreu em decorrência de um câncer identificado em 2019.

"Poderia ser prefeito, governador, senador, e ser candidato à Presidência. Teria tempo para virar um superlíder político quando temos escassez de novas lideranças. Era um cara que eu pensava que certamente viraria presidente, ou que era um nome forte para isso. A combinação de juventude, experiência política e tempo de evolução fazia com que eu visse ele com muita força para o futuro", completa.

Megale foi convidado para a Prefeitura de São Paulo durante a gestão de João Doria (PSDB), em 2017, quando foi encarregado de encaminhar a reforma da previdência municipal. À época do envio do projeto de lei sobre o tema para a Câmara, em 2018, Covas era secretário da Casa Civil (além de vice-prefeito), e então ele e Megale trabalharam proximamente.

"Foi uma passagem marcante. Preparamos o material e ele estudou muito, se dedicou, e fizemos reunião com os vereadores, que ele chamava um a um para ir à prefeitura. Ficamos uma semana falando com vereadores, exceto aqueles que eram muito de oposição e sabíamos que não seriam convencidos. Ele botou a cara à tapa, e achei muito corajoso da parte dele. E deu certo, a reforma foi aprovada. O chefe do Executivo tem que pôr a cara à tapa. Ali ele não era só o secretário da Casa Civil. Todos sabiam que ele assumiria a prefeitura", relembra Megale.

Ele diz que Covas era austero do ponto de vista fiscal, como avô Mario Covas, mas socialmente liberal, o que resultava na fórmula do "radical de centro" na qual ele insistia.

"Ele tinha as posições dele para tudo. Era um pouco diferente do que temos, que são os que são frouxos no fiscal e progressistas nos costumes ou austero no fiscal e conservador nos costumes. Eu achava legal trabalhar com ele também por causa disso."

Covas tinha humor ácido que é frequentemente mencionado por amigos. Megale lembra de uma ocasião em que deveriam divulgar um programa sobre emissão de notas fiscais da prefeitura e Covas determinou que fizessem uma ação em shopping da periferia paulistana.

Quando chegou a data combinada, o clima estava péssimo, nublado, e eles viajariam em um pequeno helicóptero. Covas notou apreensão em Megale, e disse, segundo o economista: "fique tranquilo, pois se cair você vai ficar famoso por ter morrido com o prefeito de São Paulo."

Megale lembra também de episódio mais singelo com Covas. O então secretário levou o filho de 11 anos para a prefeitura em um sábado que teria reunião sobre a greve dos caminhoneiros, em 2018. O garoto, Antônio, levou seus materiais do Kumon.

O prefeito se empolgou ao ver a sacola com o nome do método japonês de ensino e exclamou que havia completado todo o curso. Covas então correu ao gabinete e pegou uma placa que atestava que havia concluído o Kumon para que tirassem uma foto.

Caio Megale, seu filho Antônio e Bruno Covas na Prefeitura de SP
Caio Megale, seu filho Antônio e Bruno Covas na Prefeitura de SP - Arquivo pessoal

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