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Editado por Fábio Zanini, espaço traz notícias e bastidores da política. Com Guilherme Seto e Danielle Brant

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Campanha nacional contra Bolsonaro marca nova manifestação para 24 de julho

As principais pautas são impeachment do presidente, vacina e auxílio emergencial de R$ 600

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A campanha Fora, Bolsonaro, fórum que reúne as organizações que encabeçaram os atos pelo impeachment de Jair Bolsonaro em 29 de maio e 19 de junho, marcou para 24 de julho nova mobilização nacional contra o presidente.

As principais pautas da campanha são a saída do presidente, aceleração da vacinação, auxílio emergencial de R$ 600 e fim da violência policial.

A campanha é capitaneada pelas frentes Povo Sem Medo, a Brasil Popular e a Coalizão Negra por Direitos, que reúnem centenas de entidades do chamado campo progressista. Também participam PT, PCdoB e PSOL.

A escolha pelo 24 de julho foi decidida em reunião entre as frentes e movimentos nesta terça-feira (22).

As centrais sindicais não participaram da primeira mobilização, em 29 de maio, mas integraram-se à segunda, de 19 de junho. Para a próxima, a campanha marcará um dia de mobilização e paralisação que envolva as categorias de trabalhadores.

"Vamos conversar com os partidos, que estão organizando um novo pedido de impeachment unificado, e centrais sindicais, que cumprem um papel importante para o processo de massificação, para envolver as categorias da classe trabalhadora nas nossas lutas", diz João Paulo Rodrigues, membro da coordenação nacional do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e da frente Brasil Popular.

"Nesse período, vamos trabalhar para dar um salto de qualidade nas mobilizações, inclusive precisamos enfrentar o programa neoliberal. Não podemos deixar que o Congresso Nacional privatize a Eletrobrás durante o processo de lutas. Nos movimentos do campo, estamos discutindo fazer uma jornada no interior no 25 de julho, dia do trabalhador rural", completa Rodrigues.

Para Guilherme Boulos (PSOL), do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) e da frente Povo Sem Medo, a manifestação de sábado (19) mostrou que não se trata de um desabafo episódico.

"Queremos fazer com que o impeachment entre na agenda política. O tom é de que não dá para esperar passivamente diante do genocídio, do Brasil virando terra arrasada, da boiada passando. Marcar a nova mobilização para julho tem o simbolismo de apontar uma continuidade, um processo de pressão para pautar o impeachment", diz Boulos.

O objetivo para 24 de julho, afirma, é ampliar ainda mais o número de cidades e fortalecer o apoio de todos os setores da sociedade.

Segundo o fórum de organizadores, houve 427 atos em 366 cidades do Brasil no sábado (19), incluindo as 27 capitais, e em 42 cidades do exterior em 17 países, com um público total de 750 mil pessoas.

No mês passado, ainda de acordo com a coordenação, houve no total 227 atos, distribuídos em 210 cidades no país e 14 cidades no exterior, com cerca de 420 mil pessoas. ​

As manifestações são convocadas e apoiadas por movimentos sociais, partidos políticos, centrais sindicais, entidades estudantis, torcidas organizadas e grupos envolvidos em causas como feminismo e antirracismo.

Boulos diz que as manifestações estão abertas a todos que acreditem nas pautas defendidas por elas, e não somente aos que se identificam com a esquerda.

"A mobilizações são um espaço democrático. Temos agora pessoas que votaram no Bolsonaro, se arrependeram, estão vendo o desastre e estão comparecendo. Queremos que os atos sejam cada vez mais amplos", afirma.

Iago Montalvão, presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes), conta a capilaridade da mobilização do sábado como uma vitória.

"É difícil ver mobilizações que alcancem tantas regiões do Brasil. De modo geral, especialmente nos atos da direita, a mobilização é muito concentrada em capitais maiores. Ainda tem um caldo de continuidade e queremos aproveitá-lo de forma ampliada", diz.

Ele cita o superpedido de impeachment contra Bolsonaro (que está sendo elaborado e agrega mais de 100 pedidos de diferentes parlamentares e movimentos de um amplo espectro político) e assembleias e plenárias estudantis como importantes no processo de crescimento da adesão até 24 de julho.

Montalvão também fala em dialogar com novos setores e cita a participação dos partidos Cidadania e Rede e do movimento Acredito no sábado (19) como resultados dessa articulação mais ampla.

A campanha tem orientado os manifestantes a usarem máscaras (preferencialmente do tipo PFF2) e a levarem, se possível, máscaras para doação. Também pedem que os participantes carreguem álcool em gel e mantenham o distanciamento social.

Com o aumento na escala dos protestos e a chegada à marca de 500 mil mortos por Covid-19 no Brasil, Bolsonaro têm tido reações agressivas.

Nesta segunda (22), em ataque de fúria em Guaratinguetá (SP), mandou uma repórter calar a boca, tirou a máscara do rosto para afrontá-la e chamou a TV Globo de merda.

Como mostrou a Folha, Bolsonaro evitou se manifestar sobre os atos no fim de semana, mas aproveitou a interação com apoiadores na frente do Palácio da Alvorada na segunda-feira (21) para associar as passeatas de sábado em todo o país aos "petralhas", como apoiadores do PT são pejorativamente chamados por adversários.

O Palácio do Planalto avaliou as manifestações de sábado (19) como "muito vermelhas" e quer usar a partidarização dos atos para reforçar a ideia de que quem está indo às ruas é, mais do que contra o governo, a favor do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Jair Bolsonaro retira máscara para afrontar repórter de afiliada da TV Globo em Guaratinguetá (SP)
Jair Bolsonaro retira máscara para afrontar repórter de afiliada da TV Globo em Guaratinguetá (SP) - Reprodução

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