Líderes de oposição rejeitam a sugestão de Arthur Lira (PP-AL) de discutir a implementação do semipresidencialismo ou parlamentarismo a partir de 2026. O presidente da Câmara disse em entrevista à CNN que a mudança seria necessária para acabar com a instabilidade no país.
“O povo já decidiu pelo presidencialismo no plebiscito de 1993. Não faz sentido tirar dos brasileiros uma decisão que a Constituição de 1988 colocou nas mãos do povo. Fazer isso no Congresso, sem um novo plebisicto, e um ano antes da eleição, é, no mínimo, casuísmo”, diz Alessandro Molon (PSB-RJ), líder da oposição na Câmara.
"Sei que, a princípio, a ideia é discutir algo para 2026. Mas conheço processo legislativo: a gente sabe como começa, mas não como termina. Quem disse que amanhã ou depois alguma emenda antecipando pra 2023 não é aprovada? Não me parece que seja o momento para se discutir isso", completa.
“Antes a gente precisa sair da Idade Média em que estamos. Vamos superar as trevas atuais, garantir a democracia. Depois podemos debater o tema”, diz Marcelo Freixo (PSB-RJ), líder da minoria.
Bohn Gass (RS), líder do PT, diz que a instabilidade é gerada quando uma presidente, Dilma Rousseff, é tirada do poder sem ter cometido crime, enquanto Lira barra o impeachment de Bolsonaro, que já incorreu em vários.
"A anormalidade e a insegurança política foram provocadas justamente por aqueles que, quando não havia crime, criaram instabilidade. Agora que há crime, não querem levar adiante. O problema não é mudar de regime. O problema é, no regime que existe, cumprir o que está na lei. Não fazer isso que é gerar instabilidade", afirma Bohn Gass.
Talíria Petrone (RJ), líder do PSOL, afirma que Lira, "bastião do bolsonarismo", não tem condições, "por sua cumplicidade com o Planalto", de conduzir mudanças estruturais no regime político brasileiro.
"Mudanças desse tipo necessitam de um amplo e cuidadoso debate, o que até aqui, por seu método truculento e apressado, não parecem ser valores respeitados por Lira", diz Talíria.
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