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Editado por Fábio Zanini, espaço traz notícias e bastidores da política. Com Guilherme Seto e Danielle Brant

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Ministério da Saúde prevê protocolo nacional de tratamento da Covid-19 para o mês de setembro

Guia chega à fase final após um ano e meio de indicações danosas de Bolsonaro e falhas da pasta

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Após mais de um ano e meio de falhas de coordenação e recomendações esdrúxulas por parte de Jair Bolsonaro no enfrentamento à pandemia, que envolveram até o apoio à nebulização de cloroquina, procedimento que levou pessoas à morte, o Ministério da Saúde crê que terá em setembro um protocolo nacional oficial para o tratamento da Covid-19.

Elaborado por grupo liderado pelo médico Carlos Carvalho, professor da USP, esse guia será formado por protocolos específicos para as diferentes etapas de cuidados.

Como mostrou o Painel, Carvalho foi escolhido no final de março para coordenar o núcleo técnico para elaboração desse protocolo unificado de tratamento.

Em agosto e setembro, os cinco protocolos finais deverão ser apresentados à Conitec, comissão que analisa a incorporação de tecnologias no SUS. Eles abordam desde a fase pré-hospitalar até as sequelas do pós-Covid.

Os protocolos em conjunto, inclusive quatro que já foram aprovados, resultarão nessa linha de cuidados de pacientes com Covid.

Em maio, como adiantou a coluna, o grupo colocou em parecer que medicamentos como a hidroxicloroquina, cloroquina, azitromicina, ivermectina e outros, como o remdesivir, não eram recomendados para tratamento de pacientes hospitalizados com Covid-19.

"A grande vantagem é ter uma diretriz”, diz Carvalho, que conta com a colaboração de dezenas de sociedades médicas e científicas na elaboração do trabalho.

“Debati muito com o ministro [Marcelo Queiroga] sobre isso. No Sul e Sudeste, a letalidade de pacientes intubados ficava abaixo de 60%. Em hospitais públicos, abaixo de 70%, nos privados, abaixo de 50%. No Nordeste, por exemplo, a letalidade chegava a ser superior a 90% em alguns lugares", afirma Carvalho.

"Isso porque cada lugar fazia de uma forma. Multiplicamos o número de leitos de UTI e não conseguimos ter a mesma quantidade de profissionais treinados. É necessário dar um suporte, uma diretriz mínima de como agir com o paciente”, completa.

O médico Carlos Carvalho, professor da USP e coordenador de grupo técnico do Ministério da Saúde
O médico Carlos Carvalho, professor da USP e coordenador de grupo técnico do Ministério da Saúde - Eduardo Knapp-20.ago.2020/Folhapress

Os próximos protocolos a serem entregues pelo grupo coordenado por Carvalho tratam de tratamento pré-hospitalar; uso de sedativos, analgésicos e bloqueadores musculares durante ventilação; tratamento hemodinâmico e reposição de fluidos; diagnóstico e terapêutica da insuficiência renal; e pós-Covid e tratamento das sequelas após a alta.

O protocolo mais amplo, resultante dessas orientações específicas, poderá contribuir em breve, inclusive, caso o Brasil siga a tendência de países do hemisfério norte e enfrente aumento de casos com a disseminação da variante delta, analisa Carvalho.

"Historicamente, o Brasil está de seis a oito semanas atrás do que acontece no hemisfério norte, especialmente na Europa. De dez dias para cá, a variante delta vem crescendo e aparecendo como dominante na região", diz o professor.

"Na Europa, tem aumentado o numero de casos, mas a letalidade continua baixa. No Brasil, talvez haja uma sobrecarga de casos, mas com o conhecimento nosso talvez a gente consiga tratar sem ter o aumento de letalidade. É com isso que estamos contando", acrescenta.

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