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Editado por Fábio Zanini, espaço traz notícias e bastidores da política. Com Guilherme Seto e Danielle Brant

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Canal bolsonarista alvo do TSE e STF recebeu cerca de R$ 200 mil só em publicidade antes de ser excluído do YouTube

Terça Livre, administrado por Allan dos Santos, apoiador do presidente da República foi um dos alvos de decisão recente do TSE

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O canal bolsonarista Terça Livre, de Allan dos Santos, atingiu média de ganhos de mais de R$ 22 mil (US$ 4.300) por mês apenas com receita de publicidade no YouTube antes de ter sido tirado do ar em janeiro por infringir reiteradamente os termos de uso da plataforma. Ao todo, recebeu aproximadamente R$ 180 mil (US$ 34,5 mil) de junho de 2020 a janeiro de 2021.

Os valores se referem exclusivamente aos ganhos com o Google AdSense, ferramenta da plataforma que direciona anúncios de empresas a partir de filtros pré-definidos por elas. O Terça Livre ainda recebia mais valores via Super Chat, que permite doações durante lives do YouTube.

Os números constam em balanço feito pelo próprio Terça Livre e anexado ao processo que moveu contra o Google pela reativação do canal.

Entre junho de 2020 e janeiro de 2021, o canal teve uma média de US$ 4.300 de ganhos mensais com AdSense no Youtube, tendo atingido seu pico em novembro, com US$ 7.902 (R$ 42.670) apenas naquele mês.

Após a exclusão do canal, com breves reativações no período mediante decisões judiciais, o Terça Livre recebeu pouco mais de US$ 300 entre fevereiro e maio de 2021.

Na semana passada, o corregedor-geral da Justiça Eleitoral, ministro Luís Felipe Salomão, determinou às empresas que administram redes sociais que suspendam os repasses de dinheiro a páginas bolsonaristas investigadas por disseminar fake news.

O canal Terça Livre e o perfil de seu administrador estão entre os canais que não poderão mais receber pagamentos.

O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) agora prepara para os próximos meses uma resolução específica para barrar a monetização de canais utilizados para fins políticos durante as eleições, tanto em nome de candidatos como de apoiadores. A elaboração ainda está em fase inicial.

O influenciador bolsonarista foi alvo duas vezes de operações da Polícia Federal, determinadas pelo Supremo. Na última terça (18), a Procuradoria do DF o denunciou por incitação ao crime e também crime de ameaça ao ministro Luís Roberto Barroso.

Reportagem do UOL revelou que a quebra de sigilo de Allan dos Santos pela CPI da Covid mostrou o envio de ao menos R$ 109,3 mil em três remessas entre abril e maio deste ano. Os senadores vão investigar se o influenciador bolsonarista recebeu dinheiro do governo federal para divulgar informações falsas a respeito da pandemia da Covid-19.

O Painel mostrou que os advogados do Google (que controla o YouTube) subiram o tom no processo movido pelo Terça Livre para ter seu canal ativado e disseram que seus responsáveis glamourizam a violência política e têm comportamento tóxico e desleal na internet. Eles protocolaram a manifestação, juridicamente chamada de contrarrazões de apelação, na terça-feira (17).

Allan dos Santos têm argumentado que sofre perseguição política pela plataforma, que explica que ele perdeu seus canais no YouTube pela insistência em infringir suas regras.

Em maio de 2020, a Polícia Federal realizou busca e apreensão na casa do bolsonarista Allan dos Santos, do Terça Livre. O mandado foi expedido pelo ministro do STF Alexandre de Moraes no âmbito do inquérito que apura fake news - Pedro Ladeira/Folhapress

No começo de janeiro, o Terça Livre publicou um vídeo que apresentava alegações falsas de que fraudes teriam afetado o resultado das eleições nos Estados Unidos, nas quais Donald Trump foi derrotado. O material foi removido pelo YouTube e o canal foi advertido.

Cinco dias depois, em 12 de janeiro, a mesma conta publicou vídeo em que Trump falava sobre o ataque ao Capitólio e, segundo os advogados, romantizava os atos de violência política. O vídeo também foi excluído pela empresa e o canal recebeu suspensão de sete dias.

No dia seguinte à suspensão, o Terça Livre fez live com um usuário alternativo, o que culminou na decisão do Google de excluí-los da plataforma. Em fevereiro, Santos recorreu ao mesmo expediente e publicou conteúdo nos canais Cortes do Terça Livre e AllanDosSantos, que então também foram retirados de circulação.

“O que se tem é um caso fácil: um usuário que opta deliberadamente por descumprir as regras aceitas por todos, adota comportamento desleal, omite informações e tenta manipular a narrativa para prosseguir em seu comportamento tóxico”, escrevem os membros dos escritórios Lee, Brock, Camargo Advogados e Barroso Fontelles, Barcellos, Mendonça Advogados, que representam o Google na causa.

Os termos de uso da plataforma, questionados por Santos como restritivos à sua liberdade de expressão, são defendidos pelos advogados como balizas para promoção de ambiente democrático e plural de forma de conteúdo.

O Terça Livre tem argumentado que necessita da reativação urgente do canal para que consiga pagar os seus 50 funcionários.

Nesse ponto, o Google usa frases do próprio Allan dos Santos para contestar a premissa, mostrando que ele se vangloriou do fato de que a suspensão do canal de YouTube teria levado ao aumento de seguidores em outras plataformas e de que possui um programa de assinatura próprio e independente de qualquer ferramenta do YouTube.

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