Organizadora da operação que levou médicos a Manaus em janeiro para pregarem em Unidades Básicas de Saúde o uso de remédios sem eficácia para Covid, Mayra Pinheiro pediu à Casa Militar do governo do Amazonas que cuidasse do transporte dos profissionais desde o momento que saíssem do aeroporto e para todos os demais traslados necessários durante a viagem.
Secretária do Ministério da Saúde, ela é conhecida como Capitã Cloroquina devido à sua defesa de medicamentos que não tem eficácia contra a Covid-19. A CPI da Covid enviou pedido à Justiça para que ela seja afastada da secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde.
Os militares deveriam cuidar dos percursos dos médicos entre UBSs para defender o uso de ivermectiva, hidroxicloroquina e outros medicamentos, principalmente. Em janeiro, Manaus vivia pico da pandemia, época em que inclusive faltou oxigênio nos hospitais do estado.
A coluna revelou que as ações de Mayra orientaram a maior parte da abordagem da pasta durante o colapso do Amazonas: ela enviou ofício em que cobrava que a prefeitura de Manaus usasse tratamento precoce e montou em janeiro essa comitiva de médicos, custeada com recursos públicos, para fazer ronda e pressionar profissionais locais a receitar esses remédios (que foram, inclusive, distribuídos por eles).
Em depoimento ao Ministério Público Federal no Amazonas em março, Hélio Angotti Neto, secretário de Insumos do Ministério, disse que Mayra pediu que ele pagasse pelas passagens dessa comitiva de médicos.
O Painel teve acesso ao ofício enviado pela secretária sete meses depois de solicitar ao ministério documentos sobre a expedição via Lei de Acesso à Informação.
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