Em reação aos discursos com ameaças golpistas feitos por Jair Bolsonaro em atos do Sete de Setembro, o PSD vai criar uma comissão de acompanhamento do impeachment do presidente.
Gilberto Kassab, presidente do partido, tem pendido cada vez mais para o apoio à retirada do presidente do cargo.
A comissão terá como objetivo analisar continuamente os pronunciamentos e a conduta de Bolsonaro, com o objetivo de definir qual postura o PSD deverá tomar diante deles, que pode ser, ao fim, o apoio oficial ao pedido de impeachment do presidente.
Ela será composta, a princípio, pelo senador Nelsinho Trad, líder do PSD no Senado, Antonio Brito, líder do partido na Câmara, e Kassab.
"A cada dia vemos aumentar a instabilidade e o PSD está acompanhando essa situação com muita atenção", afirma Kassab.
"Temos avaliações de alguns importantes juristas apontando que apenas as falas, as manifestações, seriam razões suficientes para justificar o processo. Vamos acompanhar a conduta do governo para determinar, ou não, a defesa e o apoio a um eventual processo de impeachment do presidente da República", completa.
O ex-prefeito de São Paulo, que vinha argumentando que o Brasil não pode banalizar a derrubada de presidentes, agora diz que "começam a surgir indicativos importantes, que podem justificar o impeachment."
"Tivemos hoje a temperatura mais elevada, manifestações muito duras, acima do tom. A fala de que o presidente não vai acatar decisões judiciais é muito preocupante", avalia Kassab.
Em seu discurso na avenida Paulista, Bolsonaro repetiu as ameaças golpistas contra o STF (Supremo Tribunal Federal), exortou desobediência às decisões do ministro Alexandre de Moraes e desafiou quem o investiga. "[quero] Dizer aos canalhas que eu nunca serei preso."
"Nós devemos sim, porque eu falo em nome de vocês, determinar que todos os presos políticos sejam postos em liberdade. Dizer a vocês, que qualquer decisão do senhor Alexandre de Moraes, esse presidente não mais cumprirá. A paciência do nosso povo já se esgotou."
O atos em Brasília e em São Paulo, marcados por pautas autoritárias e golpistas, representam uma minoria no país. Pesquisa Datafolha de junho mostrou que 75% dos brasileiros consideram o regime democrático o mais adequado, enquanto 10% afirmam que a ditadura é aceitável em algumas ocasiões.
Anunciado por Bolsonaro nos últimos dois meses como uma espécie de tudo ou nada para ele, as manifestações do Sete de Setembro podem ampliar o seu isolamento político, no momento em que, de olho em 2022, depende do STF e do Congresso para a liberação de recursos e aprovaçção de projetos.
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