Candidato a vice-presidente da República pelo Novo em 2018 e um dos seus fundadores, Christian Lohbauer anunciou a desfiliação da legenda, aumentando a crise interna.
Em um vídeo de 11 minutos divulgado em uma rede social, Lohbauer diz que um dos motivos para sua decisão é o comportamento do fundador do partido, João Amoêdo, com quem ele compôs a chapa na disputa presidencial.
Segundo ele, o partido foi desestabilizado em razão, sobretudo, do "comportamento do Amoêdo e seu individualismo absoluto ao emitir opiniões, como se o partido não existisse, mandatários não existissem, no governo de Minas e no Congresso".
O Novo vive um racha principalmente por causa do posicionamento em relação ao governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Amoêdo e o diretório nacional defendem que a legenda faça oposição e apoiam o impeachment de Bolsonaro.
Já o governador de Minas, Romeu Zema, e grande parte da bancada de deputados federais resistem a essa orientação, preferindo uma posição de independência.
Além disso, há diversas críticas internas ao comportamento de Amoêdo e da direção nacional, considerados inflexíveis e sem levar em conta a opinião das pessoas eleitas.
"Nunca se viu um partido onde os mandatários não têm voz e um grupo de iluminados estabelece os destinos do partido. Um erro crasso, uma vergonha nacional”, diz Lohbauer no vídeo.
Ele afirma que sair do Novo foi uma das decisões mais difíceis que tomou na vida, à qual ele compara a um divórcio, ou à perda de um ente querido. Lohbauer lembra ainda do esforço pessoal que teve no processo de criação do partido, na década passada.
O Novo, afirma, deu certo em muitos aspectos, apesar dos problemas. "A demonstração de que é possível governar com pessoas novas, ideologia liberal, pessoas desconectadas dos velhos métodos da política, tudo isso deu certo”, afirma.
Mas a situação de disfuncionalidade no partido se agravou nos últimos dois anos, levando à sua decisão de sair. “Desde 2019 um fenômeno para mim quase inacreditável começou a acontecer, essa disfunção entre a orientação do diretório nacional com a vida real da política, com o mundo dos mandatários”, declarou.
Ele critica ainda a "tentativa de transfomar o partido no algoz do atual governo e nos arautos do impeachment do presidente, independente de quem for".
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.