Painel

Editado por Fábio Zanini, espaço traz notícias e bastidores da política. Com Guilherme Seto e Danielle Brant

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Painel
Descrição de chapéu AIDS

Bolsonaro perderá canal no YouTube se cometer mais duas infrações nos próximos meses

Presidente foi suspenso pela 1ª vez após associar sem qualquer base científica vacinas e o vírus da Aids

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

A suspensão de uma semana ao canal de Jair Bolsonaro no YouTube, revelada pelo Painel nesta segunda-feira (25), é a primeira que a plataforma impôs ao presidente.

Em sua live de quinta-feira (21), ele fez associação sem qualquer base científica entre vacinas da Covid-19 e o vírus da Aids.

O YouTube considerou que Bolsonaro infringiu as diretrizes da plataforma ao disseminar desinformação sobre questões de saúde pública, excluiu seu vídeo e determinou a suspensão de uma semana, ao longo da qual ele não poderá fazer transmissões ou publicar novos vídeos.

Em julho, Bolsonaro recebeu uma primeira advertência do YouTube por publicar conteúdo prejudicial ao controle da pandemia. A partir dessa advertência, o usuário passa a ser enquadrado no que é chamado da regra dos três strikes do YouTube.

Bolsonaro durante live na quinta (21), na qual disse que "vacinados [contra a Covid] estão desenvolvendo a síndrome da imunodeficiência adquirida [Aids]"
Bolsonaro durante live na quinta (21), na qual disse que "vacinados [contra a Covid] estão desenvolvendo a síndrome da imunodeficiência adquirida [Aids]" - Reprodução/Jair Messias Bolsonaro no Facebook

Após uma primeira infração, o usuário é suspenso por uma semana. Depois da segunda, a suspensão passa a ser de duas semanas. No caso de uma terceira infração no prazo de 90 dias, a conta é fechada.

"Removemos um vídeo do canal de Jair Bolsonaro por violar as nossas diretrizes de desinformação médica sobre a Covid-19 ao alegar que as vacinas não reduzem o risco de contrair a doença e que causam outras doenças infecciosas", disse o YouTube, em nota.​

"As nossas diretrizes estão de acordo com a orientação das autoridades de saúde locais e globais, e atualizamos as nossas políticas à medida que a orientação muda. Aplicamos as nossas políticas de forma consistente em toda a plataforma, independentemente de quem for o criador ou qual a sua opinião política", completou.

Na live, Bolsonaro leu uma suposta notícia que alertava que "vacinados [contra a Covid] estão desenvolvendo a síndrome da imunodeficiência adquirida [Aids]".

Médicos, no entanto, afirmam que a associação entre o imunizante contra o coronavírus e a transmissão do HIV, o vírus da Aids, é falsa, inexistente e absurda.

A relação estabelecida por Bolsonaro gerou revolta nas comunidades médicas e científicas nos últimos dias. Em entrevista ao Painel, Carlos Lula, presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), classificou a live como absurda, trágica, falsa, mentirosa e grotesca.

Jamal Suleiman, infectologista do Instituto de Infectologia Emilio Ribas, destaca que as vacinas da Covid não utilizam nenhum fragmento de HIV em sua composição.

Denise Garrett, epidemiologista e vice-presidente do Instituto Sabin (EUA), reforça: "Não tem nenhuma possibilidade ou plausabilidade dessas vacinas fazerem isso. A afirmação é absurda e anticientífica."

Além disso, enfatiza Suleiman, são doenças com transmissões completamente diferentes.

Enquanto o HIV é transmitido por meio de relações sexuais e compartilhamento de seringas, o novo coronavírus que causa a Covid se espalha por meio da respiração.

"O presidente tem uma fixação anal e precisa ir para o divã", comenta Suleiman. "Ao dizer isso, o presidente coloca em xeque o PNI [Programa Nacional de Imunização]." ​

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.