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Editado por Fábio Zanini, espaço traz notícias e bastidores da política. Com Guilherme Seto e Danielle Brant

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Guedes cometeu 'sincericídio' e disse que Marcos Pontes preferiu foguete a CNPq, afirma presidente de comissão

Aliel Machado (PSB-PR) diz ter saído perplexo de encontro com o ministro da Economia

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Presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara, o deputado Aliel Machado (PSB-PR) diz que Paulo Guedes (Economia) cometeu "sincericídio" ao atacar Marcos Pontes durante encontro com parlamentares nesta terça-feira (26).

Como revelou o Painel, Guedes referiu-se ao ministro da Ciência e Tecnologia como burro e incompetente e criticou sua gestão da pasta. O titular da Economia disse que, diferentemente do que sustenta Pontes, não houve corte no orçamento e o colega que não consegue executar os recursos.

"Um conflito muito pesado e direto entre os dois ministérios e, particularmente, entre os dois ministros", afirma Machado, que diz ter saído perplexo da reunião com Guedes.

"Quando o ministro, de maneira pública, diz que não há gestão no Ministério de Ciência e Tecnologia, e que não há capacidade de gestão, é algo que surpreende. Um colega falando de outro colega, ministro de estado", continua.

Ministros Marcos Pontes e Paulo Guedes - Washington Costa/Ministério da Economia
Ministros Marcos Pontes e Paulo Guedes - Washington Costa-15.out.2020/Ministério da Economia

"Isso [a tensão] não partiu apenas do ministro Guedes, partiu antes do ministro Marcos Pontes quando ele, depois de uma decisão de governo que envolveu a Casa Civil e o ministro Guedes, vai na imprensa e diz que sequer foi consultado", completa.

Ele se refere à declaração de Pontes, no começo do mês, de que pensou em deixar o governo ao saber da retirada de R$ 600 milhões de sua pasta —o que agora Guedes contesta.

Machado relata que Guedes afirmou que, na ocasião, Pontes estava "jogando para a torcida", e então criticou a escolha de prioridades por parte dele, o que a comissão irá apurar.

"Nós estivemos nas últimas semanas reunidos tanto com Marcos Pontes quanto com Paulo Guedes. E é o que eu falei hoje na comissão: há uma narrativa feita por um ministro e uma outra narrativa diferente feita por outro. Estamos apurando e por isso estamos mediando e fazendo esse debate", diz o deputado.

"O que ele disse é que não apenas o Marcos Pontes, mas todos os ministros têm liberdade de definir as ações a serem implementadas. Ele falou 'se teve dinheiro para fazer foguete, que é o que ele colocou como prioridade, e não teve para o CNPq, ele tem culpa nisso também'. Ele deu exemplo citando o projeto do foguete", diz o parlamentar.

O ministério de Pontes estabeleceu financiamento inicial de R$ 140 milhões para o projeto VLM-1, que tem como objetivo construir um foguete para o lançamento de microssatélites a partir da base brasileira em Alcântara, no Maranhão, em 2025.

A perspectiva do corte fez com que o presidente do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), Evaldo Vilela, disesse que a instituição não conseguirá realizar a chamada universal de bolsas de pesquisa, que envolve 30 mil pesquisadores, caso os recursos não sejam restituídos até 1º de novembro. O edital de R$ 250 milhões já foi lançado.

Para além das críticas a Pontes, o balanço da reunião, para Machado, foi positivo.

"Ele [Guedes] disse que todos os pedidos do Ministério da Ciência, daqueles recursos para ser executados, foram atendidos. Então houve o compromisso, o ministro colocou a equipe técnica da Economia à disposição para conversar com a equipe técnica do Ministério da Ciência, e garantiu que todos os projetos já contratados, os editais contratados do CNPq e projetos já contratados que seriam prejudicados com aquele possível corte dito pelo próprio ministro da Ciência, seriam repostos", afirma o pessebista.

Segundo ele, a comissão deve agora fazer contato com as duas pastas para chegar à uma definição a respeito da liberação de verbas para a ciência, tenham sido eles cortados ou apenas não executados.

"O que a gente precisa entender de fato é que o cobertor é curto, a gente tem um problema orçamentário, mas Ciência e Tecnologia não é uma pasta política, ela não pode ser objeto de disputa. Ela atende a todos os ministérios, atende a nação, a educação, a universidade. A pesquisa, a vacina, o produto tecnológico, nada existe sem pesquisa. Sem pesquisa não existe remédio, vacina, nada", disse o deputado.

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