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Editado por Fábio Zanini, espaço traz notícias e bastidores da política. Com Guilherme Seto e Danielle Brant

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Líderes do governo na Câmara falam em risco de crise com STF se decisão contra emendas não cair

Parlamentares dizem ver tentativa de interferência da ministra Rosa Weber em decisões do Legislativo

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Lideranças ligadas ao governo no Congresso dizem que a decisão liminar da ministra Rosa Weber, do STF, de suspender a execução das chamadas "emendas de relator" é uma interferência no Legislativo. Eles afirmam esperar que a medida seja derrubada no plenário da corte.

Caso não caia, dizem, uma crise institucional deve se impor. O entendimento dos parlamentares é o de que as emendas estão relacionadas a interesses de grande número de deputados, que vão se unir contra o bloqueio.

"O STF não pode virar instância recursal pra quem perde votação no parlamento", diz o vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM), que costuma se opor ao governo, mas desta vez concorda com os líderes da situação.

Lideranças de oposição na Câmara, por outro lado, receberam com empolgação a decisão de Rosa Weber, Para o segundo turno da PEC dos Precatórios, avaliam políticos, o cenário se torna mais otimista para quem está contra.

Sem a possibilidade de oferecer recompensas aos deputados em forma de emenda, as barganhas por votos devem estagnar, dizem.

O deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), líder da oposição na Câmara
O deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), líder da oposição na Câmara - Pedro Ladeira-12.jul.2019/Folhapress

"Primeiro, porque o que foi prometido em primeiro turno não poderá ser entregue. Segundo, porque as promessas de segundo turno não poderão ser cumpridas", diz Alessandro Molon (PSB-RJ), líder da oposição.

"Trata-se certamente de uma das decisões mais importantes do STF nos últimos anos. É importante para proteger a democracia brasileira e o bom funcionamento do Congresso nacional. As emendas de relator violam princípios constitucionais, como o princípio republicano da transparência, entre outros. A decisão é de extrema relevância para o país, para o Congresso e pela democracia", completa Molon.

Bohn Gass, líder do PT na Câmara, concorda. "A RP-9 não é transparente. É o desvirtuamento da política. Tem dois tipos de parlamentares, um deles é o dos deputados que ganham recursos por votar nas maldades do governo, contra o povo", afirma.

Líderes do governo externam entendimento distinto, segundo o qual a decisão da ministra só vale daqui para frente, e o que já foi empenhado não será atingido.

Fernanda Melchionna (RS), deputada do PSOL, aponta que a determinação de Rosa Weber atinge, inclusive, um possível mecanismo de retroalimentação do orçamento secreto com a aprovação da PEC dos Precatórios.

"O calote da PEC seria de cerca R$ 90 bilhões, e estima-se que de R$ 10 bilhões a R$ 20 bilhões seriam usados para engordar o orçamento secreto", aponta a deputada. Do total, cerca de R$ 50 bilhões deveriam ser utilizados para custear a criação do Auxílio Brasil.

Deputada Fernanda Melchionna (PSOL-RS) durante evento no Senado
Deputada Fernanda Melchionna (PSOL-RS) durante evento no Senado - Roque de Sá-13.mar.2019/Agência Senado

"A ironia é que votaram e aprovaram a PEC do calote fazendo uso do orçamento secreto, no velho toma-lá-dá-cá, para aumentar o próprio orçamento secreto", acrescenta a psolista.

Para Fernanda Melchionna, a decisão da ministra, se mantida, "acaba com o elemento de estabilidade do governo Bolsonaro. Ele só se manteve no cargo graças ao apoio do Lira, sobretudo com o instrumento das emendas de relator."

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