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Editado por Fábio Zanini, espaço traz notícias e bastidores da política. Com Guilherme Seto e Danielle Brant

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Topo do Exército gosta de uma estatal e pensa de maneira próxima ao socialismo, diz Weintraub

Ex-ministro da Educação fez afirmação durante participação em evento conservador

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O ex-ministro da Educação Abraham Weintraub disse em evento neste domingo (14) que os militares no topo da hierarquia do Exército, influenciados pelo positivismo, têm um pensamento mais próximo do socialismo, e que "gostam de uma estatal".

Weintraub fez esse diagnóstico durante participação por vídeo em evento conservador realizado em Santa Catarina. No mesmo encontro, o ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo, que também foi membro da chamda ala ideológica da gestão Jair Bolsonaro, disse que o governo "virou base do centrão".

O ex-ministro da Educação começou sua fala diferenciando conservadores e liberais no governo Bolsonaro e então tratou dos militares.

"Eu nunca tinha trabalhado em Brasília, e para mim foi uma surpresa o Exército brasileiro, [que], principalmente no topo dele, tem muitos positivistas", iniciou.

"[O positivista] é uma pessoa que acredita na concentração de poder no topo da hierarquia, e aí tem uma simbiose com a própria estrutura do Exército, aonde lá no topo decide-se o que vai ser feito para toda a população, e aí vem o positivismo, [Émile] Durkheim, Augusto Comte, como se fosse um organismo vivo, o cérebro dizendo para o resto do corpo o que tem que ser feito", continuou.

"Isso está muito mais próximo do socialismo, do totalitarismo, não que eles sejam, mas eles olham para nós conservadores, aonde o poder está no indivíduo… Os meus direitos, os direitos da minha família, não podem ser suprimidos, em hipótese alguma, por uma decisão de algum 'sábio' na capital em prol de um bem comum", completou.

"[O Exército] Não é um inimigo. Circunstancialmente, os positivistas que estão principalmente no topo do Exército, não é nem na Aeronáutica nem na Marinha, é mais no Exército mesmo... A gente precisa ter cuidado quando for fazer alguma aliança com eles, porque o que a gente prega não bate com o que eles querem. Eles gostam de uma estatal. Gostam de interferência central e planejamento central", afirmou o ex-ministro.

A associação do positivismo aos militares explica-se: foram eles, no Brasil, quem mais se entusiasmaram, na segunda metade do século 19, com as ideias propostas pelo francês Augusto Comte (1798-1857).

O positivismo, em linhas gerais, defende o método científico, a popularização da educação e relações éticas e igualitárias para atingir a "ordem e progresso", expressão que foi parar na bandeira do Brasil.

Como mostrou o blog Saída pela Direita, chamar alguém de positivista virou motivo de ofensa na direita brasileira nos últimos anos, pois ao supostamente negar as ideologias ele abriria caminho para ideias progressistas.

Weintraub também disse, na mesma fala, que os militares cometeram erros durante o "regime militar" em priorizar "a esquerda em detrimento da ala conservadora". Ele afirmou que o economista Delfim Netto, ministro da Fazenda durante a ditadura militar, "é um cara alinhado com a esquerda".

"Não tem que ter estatal indevida, não tem que ter Estado atrapalhando o que já é difícil, ganhar dinheiro. Estado só existe para tornar a vida do cidadão melhor", acrescentou.

O ex-ministro ainda ressaltou que não estava comprando uma briga com as Forças Armadas e que os conservadores devem ser favoráveis ao aumento de orçamento delas, já que elas, segundo ele, são necessárias para defender o Brasil de ameaças de dominação por parte da China (que ele não cita nominalmente, referindo-se a ela como "grande nação do outro lado do mundo" que está "expandindo seus tentáculos").

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