O ex-juiz Sergio Moro (Podemos) se desentendeu neste sábado (26) com Wanderlei Alves, conhecido como Dedeco, líder da greve dos caminhoneiros de 2018, que criou um grupo de WhatsApp em apoio à sua pré-candidatura à Presidência. Após ter sido criticado, Moro deixou o grupo.
Nomeado "Apoio ao Sergio Moro", o grupo tem entre seus membros figuras como o ex-chefe da força-tarefa da Lava Jato Deltan Dallagnol (Podemos-PR) e o senador Álvaro Dias (Podemos-PR). Dedeco filiou-se ao Podemos e pretende ser candidato a deputado federal pela sigla.
Dedeco publicou no grupo uma mensagem em que reclamava que Moro participava das conversas, mas que parou de interagir após ter recebido cobranças por propostas direcionadas aos caminhoneiros.
"Estamos aqui igual a um bando de idiotas apostando nele, mas nem responder nossos questionamentos ele não responde", escreveu.
"Já me sinto desanimado com o Moro, percebo que ele não tem coragem nem quer falar sobre a categoria. Parece que somos um bando de leprosos, até hoje não vi ele falar nada em favor de nossa classe. Se não tem simpatia pelos caminhoneiros, não merece os votos de nossas famílias. Sobreviveremos seja qual for o presidente", completou.
Moro então se pronunciou e disse que está em uma correria que mal consegue responder a própria esposa. Ele também afirmou que tem simpatia pelos caminhoneiros e que está preparando as suas propostas para a categoria.
"Não vou fazer como Bolsonaro e Lula e prometer o que não é possível e o que eles não cumprem depois. Se falo que vou fazer X, eu faço, sou uma pessoa de palavra, e meu plano é melhorar a economia para todos, inclusive para caminhoneiros e suas famílias. Se quiser promessas vazias, fique aí com quem quiser", escreveu o ex-juiz.
"Pás [paz] e bem, Wanderlei, vou sair do grupo se é para ser ofendido por você", completou.
Dedeco diz ao Painel que foi então bloqueado por Moro no celular. O caminhoneiro então utilizou outro número de celular para recolocá-lo no grupo. Ele então chamou o presidenciável de covarde.
"Hoje infelizmente você mostrou que não passa de um despreparado que não aceita críticas, verdades e ser cobrado. Desculpe mas uma pessoa assim não serve para administrar um país com 220 milhões de habitantes. Você provou agora que não passa de um menino mimado, ex-juiz que se iludiu com a ganância de ser ministro do STF e aceitou ser ministro de um canalha que você sabia que não valia um centavo furado", escreveu no grupo.
Dedeco diz à coluna que Moro começou a se distanciar dele nas últimas semanas, quando foi cobrado por se reunir com empresários e banqueiros, mas não com categorias como a dos caminhoneiros.
"Criei o grupo faz mais de um mês. Moro falava, tem bastante conversas dele lá. Mas aí começamos a criticar alguns movimentos que ele está fazendo na campanha", conta.
"Perguntamos se ele iria governar só para banqueiros ou também para nós, classes sociais trabalhadoras. Caminhoneiros, metalúrgicos. 'Para quem o senhor vai governar, para o Credit Suisse ou para nós?' Pelo que senti, não vai governar para o povo brasileiro. Vai governar para grandes elites", acrescenta.
Nessa linha, o caminhoneiro cobra posicionamento do ex-ministro da Justiça e dos demais postulantes à Presidência contra a política de preços da Petrobras, que, segundo ele e outros críticos, tem sido a causa do preço elevado dos combustíveis que impacta a categoria.
"Quem falar para mim que vai resolver o problema do combustível sem desatrelar do dólar está mentindo. Privatizar as estatais também não vai resolver. A única solução que temos para parar de sugar o suor dos brasileiros com combustíveis é desparelhando com o dólar. Com essa guerra na Ucrânia o barril de petróleo pode chegar a US$ 200. Onde vai parar nosso combustível?", questiona.
Dedeco ressalta que não é de esquerda nem bolsonarista. Sua defesa, segundo ele, é por uma terceira via que não seja Lula (PT) nem Bolsonaro (PL). Ele diz que, no entanto, Moro, por sua falta de propostas, está implodindo as possibilidades dessa alternativa.
"Moro quer uma militância, e não apoiadores críticos. Ele se tornou um perigo. Deus me livre de ele ser presidente. Merda por merda a gente fica com Bolsonaro ou Lula mesmo", afirma.
Procurado pelo Painel por meio de sua assessoria de imprensa, Moro não deu resposta até a publicação da reportagem.
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