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Editado por Fábio Zanini, espaço traz notícias e bastidores da política. Com Guilherme Seto e Danielle Brant

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Polêmicas nos tornaram leprosos e com ebola, dizem líderes do MBL em mensagens

Após casos envolvendo Arthur do Val e Kim Kataguiri, integrantes do movimento relatam dificuldades

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Os escândalos em série envolvendo o MBL tornaram os integrantes do movimento "mais leprosos que o [podcaster] Monark", vivendo uma "situação bosta", equivalente à de pessoas que têm ebola.

Esses termos são usados por integrantes da cúpula do grupo em uma troca de mensagens obtida pelo Painel.

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O ex-deputado estadual Arthur do Val, que foi cassado pela Assembleia Legislativa de SP - Reproduçao Globo News

Os diálogos, do início de abril, fazem parte de um grupo do WhatsApp intitulado "Academia MBL", em que coordenadores do movimento debatem detalhes de um curso de formação de novas lideranças que o movimento oferece anualmente.

Eles ocorreram após a divulgação de áudios sexistas pelo ex-deputado estadual Arthur do Val (União Brasil-SP) e declarações do deputado federal Kim Kataguiri (União Brasil-SP) contrárias à criminalização do nazismo.

O curso é uma das principais fontes de renda do MBL e envolve aulas, seminários e exercícios práticos, geralmente com a presença de convidados de fora do movimento como palestrantes. No ano passado, o preço da matrícula foi de R$ 1.100.

No diálogo, Ian Garcez, da cúpula do MBL, reclama da dificuldade de conseguir confirmação de palestrante para uma aula magna.

"Nos encontramos em uma situação lamentável em relação ao lançamento. Não teremos a aula magna de hoje", afirma.

Ele diz que houve negativa de Eduardo Leite (PSDB), ex-governador do Rio Grande do Sul, e que mesmo um aliado antigo do movimento, o apresentador Danilo Gentili, demora a confirmar.

"Quinta podemos ou não vir a ter a do Danilo, mas se ficarmos nessa expectativa não podemos marcar outra coisa no lugar", afirma.

Garcez diz ainda que o deputado estadual Heni Ozi Cukier (Podemos), pré-candidato ao Senado por São Paulo e outro político que sempre foi próximo do MBL, também recusou.

"Disseram que ele [Heni] não tem agenda", responde Renato Battista, pré-candidato a deputado estadual, que acrescenta um emoji de palhaço.

Um dos principais líderes do MBL, Renan Santos, emenda que o influenciador Monark, que também defendeu o direito à existência de partidos nazistas, foi outro a recusar. "Monark tb não. Somos mais leprosos que ele", diz.

Outro integrante da entidade, Cauê del Valle, relata dificuldade em entrar em contato com as pessoas.: "Ninguém topou, alguns simplesmente pararam de retornar".

Renan Santos, coordenador nacional do MBL, em entrevista à Folha - Adriano Vizoni/Folhapress

Os participantes do diálogo então chegam à conclusão de que é preciso ser realista e contar com integrantes do próprio movimento para a Academia MBL. "Acho que tem que parar de insistir. Trabalhar com o que tem. E tocar o barco", diz Alexandre Santos.

"Situação bosta. Vai ter que ser a gente mesmo. E é isso", concorda Renan. Já Garcez diz que "nunca foi tão difícil". "Parece que temos ebola", resume.

Cauê del Valle relata em seguida que tentou "do [Luiz Felipe] Pondé ao Leite". E diz ter esperança de que as coisas melhorem com o fim do processo contra Arthur do Val no Conselho de Ética. Do Val foi cassado na última terça-feira (17) pela Assembleia.

O dirigente expressa o temor de que a situação afete outro evento importante para o movimento, o congresso anual da entidade.

"Já estou pensando nos efeitos disso pro congresso nacional desse ano. Mais do que nunca terá que ser um evento nosso e para quem pague para ouvir nossas estrelas sem depender de terceiros", afirma Del Valle.

OUTRO LADO

Em nota, o MBL reconhece ter enfrentado dificuldades por causa das polêmicas, mas disse que não prejudicaram as atividades do movimento.

"O MBL realmente enfrentou algumas dificuldades pontuais por conta de polêmicas envolvendo alguns dos seus integrantes, mas nada que prejudicasse os programas do movimento", diz o texto.

Segundo a entidade, "as vendas dos cursos da Academia MBL foram um sucesso e nomes de peso como os filósofos Francisco Razzo e Martim Vasques, o escritor e historiador Maurício G. Righi e o professor Paulo Cruz aceitaram participar como palestrantes e professores".

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