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Presidente da Câmara de SP diz que há maioria para cassar vereador que fez fala racista

Milton Leite (União Brasil) afirma que, como negro, é parte ofendida e quer cassação de Camilo Cristófaro

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São Paulo

Presidente da Câmara Municipal de São Paulo, Milton Leite (União Brasil) diz que, como homem negro, é parte ofendida pela fala racista do vereador Camilo Cristófaro, ex-PSB, que utilizou a expressão "coisa de preto" durante sessão na Casa. Leite defende a cassação do vereador.

Procurado o dia todo pelos colegas, Leite afirma que enxerga hoje uma ampla maioria de vereadores que, em plenário, votaria pela cassação de Cristófaro. Ele diz acreditar que o caso já terá chegado ao desfecho até o final de junho, após votações na corregedoria e no plenário da Câmara.

Milton Leite (União Brasil), presidente da Câmara Municipal de SP, durante evento da São Silvestre
Milton Leite (União Brasil), presidente da Câmara Municipal de SP, durante evento da São Silvestre - Zanone Fraissat-31.dez.2018/Folhapress

"A pena alternativa à cassação é pequena [advertência ou suspensão]. Sou uma parte ofendida, e por isso acho plausível que haja cassação. Com certeza [defende a cassação]. Ele ofendeu a sociedade como um todo. Como negro que sou, quero que cumpra a lei", afirma.

Sobre o pedido de desculpas e as explicações de Cristófaro, Leite diz que ele pode dizer o que quiser, mas o efeito das atitudes não é alterado.

"Você pode passar sobre o pé de alguém, amassar e falar 'desculpa, amassei seu dedo'. O dedo continua amassado. Assim a sociedade continuará amassada. Não resolve. Isso não dá. Se toda vez pratica racismo, pede desculpas e acabou você nunca resolve. Assim não vamos retirar [o racismo] da sociedade nunca. Pediu desculpa, tudo bem, mas não resolve o caso", afirma Leite.

O presidente da Câmara diz que, como 2022 é ano eleitoral, os vereadores devem sofrer pressão de seus partidos para que se posicionem contra Cristófaro.

"Os partidos vão pressionar suas bancadas, além do fato de que a maioria dos vereadores já quer a cassação. Isso se soma. Ele terá algumas coisas agindo que não dependem só do presidente. Estamos todos defendendo o cumprimento da lei", analisa.

Leite diz que o histórico de Cristófaro não influi negativamente em seu posicionamento, pois está analisando o caso isoladamente. No entanto, deve contribuir para que o vereador seja vencido por ampla margem na votação em plenário.

"Na hora do voto, isso pesa contra ele. O conjunto da obra dele não é bom. Estou absolutamente convencido [de que há maioria para cassá-lo hoje], e por uma larga margem", completa.

Sobre uma possível reviravolta que evitaria a cassação de Cristófaro, Leite diz achar "muito difícil, pouco provável".

Caso seja cassado, o vereador também deve ficar inelegível por oito anos.

OUTROS CASOS

Essa não é a primeira vez que Crisófaro se envolve em confusão. Em 2019, ele chamou o vereador Fernando Holiday (Novo) de "macaco de auditório", no plenário da Câmara.

"Gostaria de falar que lamentavelmente o senhor Fernando Holiday usa das redes sociais, que ele é o grande macaco de auditório das redes sociais, que ele usa dando risada dessa Casa, explodindo as redes sociais, porque a população adora ver sangue, maldade, mentira, fake, onde ele acusa os seus colegas de vagabundos", disse Cristófaro, na ocasião.

De acordo com a assessoria do vereador Gilberto Nascimento (PSC), que preside a Corregedoria, o caso referente ao parlamentar Holiday deverá ser votado nas próximas semanas.

Em 2017, a então vereadora e atual deputada estadual Isa Penna (PCdoB) disse que foi empurrada e agredida por Cristófaro em um dos elevadores do prédio da Câmara Municipal.

De acordo com Isa, o vereador a xingou de "vagabunda", "terrorista", "cocô de galinha" e insinuou ameaças dizendo que ela não deveria ficar surpresa se "tomar uns tapas na rua".

Em seguida, já fora do elevador, Cristófaro se aproximou da colega de plenário e lhe deu "um empurrão de leve", de acordo com Isa. O vereador negou na época e diz que não ofendeu ninguém.

Cristófaro durante discussão na Câmara Municipal com assessor de Eduardo Suplicy (PT)
Cristófaro durante discussão na Câmara Municipal com assessor de Eduardo Suplicy (PT) - Reprodução

Há também acusações de agressões contra o vereador feitas por um funcionário da Subprefeitura do Ipiranga, que teria levado um soco em julho de 2020, e outra realizada por um assessor do vereador Eduardo Suplicy (PT). No primeiro caso, Cristófaro diz que foi um empurra-empurra e que apenas se defendeu diante do funcionário da subprefeitura. Em relação à queixa do assessor de Suplicy, o vereador afirmou, na ocasião, que a acusação era mentirosa e o funcionário "queria aparecer, queria mídia".

No dia 13 de março, a gestora pública Lucia de Souza Gomes, 47, registrou um boletim de ocorrência no 26º Distrito Policial, no Sacomã, em São Paulo. Ela acusa o vereador Cristófaro de tê-la ofendido verbalmente.

No boletim de ocorrência, ela narra que, ao tentar se aproximar do prefeito Ricardo Nunes (MDB) durante a inauguração de uma obra, o vereador Camilo Cristófaro disse que, se ela queria aparecer, "que fique pelada na revista Playboy" [sic].

A gestora pública, então, teria respondido que "o prefeito era para toda a cidade e não para algumas pessoas". Depois, ainda segundo o relato, ouviu o vereador chama-la de "vagabunda".

Cristófaro nega a versão da mulher e diz que não há provas contra ele.

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