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Editado por Fábio Zanini, espaço traz notícias e bastidores da política. Com Guilherme Seto e Danielle Brant

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Descrição de chapéu Caixa Econômica Federal

Proximidade de Bolsonaro com Guimarães preocupa comando da campanha

Presidente já passou férias com presidente da Caixa, mandou 'abraço hetero' e deu carta branca a ele

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As acusações de assédio sexual envolvendo o presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, podem ter efeito ainda mais danoso para a campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) do que a prisão do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, avaliam aliados.

O presidente Jair Bolsonaro ao lado do presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães - Marcos Corrêa/PR

Guimarães, ao contrário de Ribeiro, é próximo do presidente e descrito como um amigo, ao menos até esse episódio. Além disso, teme-se uma piora nos índices de popularidade de Bolsonaro junto ao eleitorado feminino.

Bolsonaro considera Guimarães um técnico competente, que trouxe resultados financeiros bons para a Caixa, adotou políticas inovadoras e limpou a instituição da chamada "influência esquerdista" nos postos de chefia.

A relação de proximidade entre os dois é facilmente notada pelas demonstrações de cumplicidade desde a nomeação de Guimarães, em 2019.

O ainda presidente da Caixa foi um dos únicos auxiliares de Bolsonaro a ter o privilégio de passar férias com ele. No final do ano passado, ambos subiram numa lancha para pescar e visitar ilhas no litoral sul de São Paulo.

Em maio de 2019, o presidente ganhou de Guimarães um crachá personalizado, ao fim de uma cerimônia. O presidente beijou o objeto e abraçou Guimarães em agradecimento, dizendo que se tratava de um "abraço hétero, com todo o respeito".

Bolsonaro referiu-se a ele diversas vezes como "PG 2", comparando-o ao outro detentor das iniciais na sua equipe econômica, o ministro Paulo Guedes.

"Já falei para vocês que quem entende de economia é o Paulo Guedes, o Pedro Guimarães, o Roberto Campos. Eles que tratam deste assunto. Dei carta branca para eles", afirmou Bolsonaro, por exemplo, em novembro de 2019, colocando no mesmo patamar Guimarães, Guedes e o presidente do Banco Central.

Antes de Guedes recobrar parte de sua influência, Guimarães era rotineiramente cogitado para substituí-lo no ministério. Alguns aliados chegaram a ventilar a hipótese de o presidente da Caixa ser vice de Bolsonaro num segundo mandato.

Além disso, Guimarães também ganhou pontos ao privilegiar categorias importantes para o governo, como estabelecendo linhas especiais para as polícias.

"O Pedro Guimarães realmente faz uma administração fantástica na Caixa. Está para lançar [um programa] para o pessoal da segurança pública", disse Bolsonaro, em conversa com apoiadores, em junho do ano passado.

Em setembro de 2021, quando Bolsonaro tirou foto comendo pizza de pé numa calçada em Nova York, lá estava o presidente da Caixa partilhando da experiência.

Pedro Guimarães (primeiro à esquerda), comendo pizza com Bolsonaro e outros auxiliares em NY, em 2021 - Reuters

A relutância do presidente em demitir o presidente da Caixa é atribuída em parte a essa relação.

Na avaliação de auxiliares, Bolsonaro deveria ter se manifestado ainda na terça-feira (28), de forma veemente, repudiando qualquer tipo de assédio.

Há uma compreensão em relação à necessidade de o governo organizar a sucessão na Caixa de modo a evitar que programas como o Auxílio Brasil, aposta da campanha, sejam interrompidos.

De qualquer maneira, esses integrantes do comitê acreditam que o presidente deveria ter sinalizado de imediato com a demissão de Guimarães para evitar aumentar a rejeição no eleitorado feminino.

A demora na substituição permitiu, por exemplo, que o presidente da Caixa participasse nesta quarta-feira (29) do lançamento do Plano Safra, ao lado da mulher. O receio é que a ausência de uma reação imediata possa parecer conivência de Bolsonaro com o comportamento.

Outra preocupação é com os depoimentos de mulheres assediadas que estão sendo veiculados pela imprensa.

Eles estão sendo absorvidos pelo eleitorado feminino ainda sem uma ação do chefe do Executivo. A indicação de que uma mulher, a ex-assessora de Paulo Guedes Daniella Marques, deve assumir o lugar de Guimarães pode não ser suficiente para reverter o estrago.

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