A senadora bolsonarista Soraya Thronicke (União Brasil-MS) desconfiou de uma possível retaliação do governo por sua assinatura para a instalação de uma CPI para investigar as suspeitas do balcão de negócios do Ministério da Educação no governo Jair Bolsonaro (PL).
Por isso, ela ligou na noite de terça-feira (28) para o líder do governo no Senado, Carlos Portinho (PL-RJ) para saber se um projeto de lei de sua autoria havia sido retirado da pauta de votações neste dia devido ao seu apoio à comissão.
O projeto de lei 6.204/2019, apresentado pela senadora, cria a execução extrajudicial de dívidas, que passaria a ser uma das atribuições dos tabeliães de protesto. Segundo Soraya, a ideia é facilitar e tornar mais rápida a cobrança de dívidas.
O texto, que tem relatoria do senador Marcos Rogério (PL-RO), voltaria a ser analisado nesta quarta-feira (29). Soraya disse que vem trabalhando nele desde 2019, que realizou diversas audiências públicas e que quem pediu para retirar "é porque não leu direito o projeto".
"O senador Portinho é advogado e deve entender bem o projeto, que foi muito bem trabalhado. Liguei para ele para saber se o governo pediu ou não para retirar da pauta, se houve essa orientação, e ele me disse que não. Quis saber se era uma questão técnica ou política. Espero que não, porque o governo perde a oportunidade de marcar gols com esse projeto", afirmou ao Painel.
A senadora disse que jamais vai retirar a assinatura da CPI e que, se isso acontecer, "é para chamar a polícia para investigar".
"Pensei muito antes de assinar, esperei ter algo bem concreto. Só entrei quando o ex-ministro foi preso preventivamente e tomei uma atitude. Eu não retiro [a assinatura] de jeito nenhum, tá doida? Se esse é um governo anticorrupção, ele tem que apoiar a investigação", afirmou.
Portinho afirmou que deixou "bem claro" para a senadora que nunca lhe pediu para retirar a sua assinatura da CPI e que a questão estaria com o mérito do projeto.
"Eu não trabalho assim e a senadora sabe disso e ficou satisfeita. A gente fez um ajuste para o projeto ser aprovado. O governo está construindo, recebeu demandas de órgãos como o CNJ [Conselho Nacional de Justiça] para aperfeiçoar o texto. Estamos fazendo um trabalho junto com o relator para aprová-lo", disse.
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