Diplomatas de carreira avaliam que a reunião desta segunda-feira (18) do presidente Jair Bolsonaro (PL) com embaixadores, na qual fez ataques às urnas e ao sistema eleitoral brasileiro, é mais um episódio de desgaste da imagem do país.
Os profissionais traçam duas possibilidades nos relatórios que os embaixadores convidados farão aos seus países de origem. Aqueles com democracias consolidadas, por exemplo, devem apresentar um cenário no qual o presidente da República ataca o regime democrático e suas bases. Outros, mais alinhados à direita, podem reportar preocupação com a legitimidade dos resultados das eleições em outubro.
Em qualquer um dos cenários, no entanto, a saia justa fica, depois, para o Itamaraty, que precisará contornar a situação, reafirmando a segurança do sistema eleitoral e o compromisso de Bolsonaro com a democracia.
Diplomatas ouvidos em reserva relatam constrangimento porque, embora os convites tenham saído formalmente da Presidência da República, alguns atuaram nos bastidores para garantir a presença dos embaixadores. Um encontro esvaziado poderia ser ainda pior, por evidenciar um possível isolamento de Bolsonaro e falta de força do ministro Carlos França.
Bolsonaro fez uma reunião nesta segunda com dezenas de embaixadores estrangeiros no Palácio da Alvorada para repetir teorias da conspiração sobre urnas eletrônicas, desacreditar o sistema eleitoral e atacar ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).
O chefe do Executivo concentrou suas críticas nos ministros Alexandre de Moraes, Edson Fachin e Luís Roberto Barroso.
O mandatário acusou o grupo de querer trazer instabilidade ao país, por desconsiderar as sugestões das Forças Armadas para modificações no sistema, a menos de três meses da disputa.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.