Relatora da proposta de emenda constitucional que libera a possibilidade de parlamentares ocuparem embaixadas sem perderem os mandatos, a senadora Daniella Ribeiro (PSD-PB) se diz "indignada" com a conduta do ministro Carlos França (Relações Exteriores) sobre a matéria.
"Fico indignada de ele querer aparecer só agora, depois de não ter se posicionado com relação a essa proposta, e querer posar de pai da criança após termos decidido dar mais tempo para a tramitação da matéria", afirmou a senadora ao Painel.
França disse ao jornal O Globo que estava prestes a cancelar uma viagem internacional para ajudar na articulação contra a emenda, quando recebeu um telefonema nesta sexta (8) do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), comunicando sobre o adiamento da tramitação da emenda.
Ribeiro afirmou que a decisão de postergar a matéria já estava tomada desde a última quarta-feira (6), quando ela se reuniu com oito diplomatas brasileiros (sete da ativa e um aposentado), em que eles argumentaram contra a emenda.
Uma preocupação externada foi quanto à possível perda de atratividade para a carreira diplomática caso postos fossem abertos para composições políticas.
"Imediatamente fui ao Davi [Alcolumbre, autor da emenda] e disse que precisaria de mais prazo para debater essa questão, ouvir novos pontos de vista", afirmou a relatora. Ambos acertaram que a emenda não seria votada antes do recesso de julho, o que foi comunicado a Pacheco.
Como mostrou o Painel, Ribeiro afirma que desde que se tornou relatora da emenda, em março, teve de lidar com uma suposta omissão do Itamaraty sobre o tema.
A senadora diz que não houve articulação por parte de França, que teve com ela apenas uma conversa telefônica de menos de dez minutos, na qual teria feito perguntas e comentários genéricos.
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