O diretório estadual do MDB do Rio de Janeiro aprovou moção em que apoia a candidatura presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), apesar de a sigla ter lançado oficialmente a senadora Simone Tebet (MS) na disputa.

"A gravidade especial do momento, não qualquer desmerecimento à candidatura posta pelo MDB, nos impõe já no primeiro turno das eleições apoiar a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o mais qualificado entre todos para governar. Ao fazê-lo estamos cumprindo nossos deveres com o Brasil", diz o texto da moção, aprovada pela convenção estadual do partido, nesta quinta-feira (4).

O texto elenca uma série de ameaças que pairam sobre o país. Na economia, afirma que "o Brasil está vivendo um dos momentos mais difíceis de sua história". "Há mais de 40 anos nossa economia cresce de modo irregular, a taxas muito baixas e sem sinal de recuperação", diz o documento.

Na política, prossegue a sigla, "o ambiente político está carregado de tensões e de conflitos inúteis, cujos efeitos são a paralisia do Estado e a perda de confiança da população nas instituições".

A moção ainda faz uma crítica à gestão de Jair Bolsonaro (PL). "O radicalismo do atual governo e dos grupos a ele associados fomentam uma crise que pode ter graves consequências", afirma.

A decisão do diretório do Rio não foi unânime, no entanto. Presidente do MDB Mulher do estado, Kátia Lôbo, divulgou nota em que reitera o apoio a Tebet.

"Reforço meu apoio total e irrestrito à candidatura de Simone Tebet e sua vice, Mara Gabrilli. Pela primeira vez na história, duas mulheres de idoneidade comprovada e trajetória política exemplar, se unem para trazer de volta um Brasil pacificado, tolerante e próspero", declarou.

Apesar do aceno a Lula, o MDB do Rio mantém diversas ligações com o bolsonarismo. O vice na chapa do governador Claudio Castro (PL) deverá ser o ex-prefeito Washington Reis (MDB). Também é do partido no Rio o deputado federal Otoni de Paula, um dos principais aliados do presidente no Congresso.

Embora tenha perdido força em razão de escândalos em anos recentes que atingiram alguns de seus principais quadros, como os ex-governadores Sergio Cabral e Luiz Fernando Pezão e o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, o MDB fluminense segue sendo influente dentro do partido. A decisão de apoiar Lula é mais um sinal da fragilidade da candidatura de Tebet na legenda.