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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Descrição de chapéu Ao Vivo em Casa

Dono do Iguatemi diz que varejo não está gerando contaminação

Carlos Jereissati Filho participou do Ao Vivo em Casa nesta segunda-feira (22)

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São Paulo

Os shoppings brasileiros colocaram bilhões de reais em capital de giro para apoiar os lojistas nos dois meses em que permaneceram fechados pelas medidas de restrição de circulação na pandemia, segundo disse Carlos Jereissati Filho, presidente da Iguatemi, na live desta segunda (22) da série Ao Vivo em Casa, da Folha.

"Nenhum país fez o que nós no Brasil fizemos. Na Europa, nos EUA, na Ásia, os aluguéis não foram isentados quando as lojas estavam fechadas. Eles tiveram a cobrança postergada e vão ser parcelados lá na frente. Isso é uma diferença enorme que o Brasil praticou em relação ao mundo. A gente deu a isenção quando estava fechado e desconto em março, quando operou metade", disse o empresário.

O setor viveu uma queda de braço entre shoppings e lojistas, que pediram descontos no pagamento de aluguéis, condomínio e outras taxas durante o período de paralisação das atividades.

mercado Carlos Jereissati
Carlos Jereissati Filho, presidente da Iguatemi

"Entendendo que o Brasil tinha uma resposta lenta na questão econômica para apoiar os lojistas, nós fizemos esse aporte de capital de giro para os nossos lojistas no pedaço que nos cabia. Se você pegar a indústria inteira de shopping centers, nestes dois meses, foram alguns bilhões de capital de giro para milhares de lojistas que estão nesses empreendimentos, coisa que não aconteceu em nenhum lugar no mundo", afirmou o empresário.

Neste mês, aconteceu a reabertura de uma série de shoppings, inclusive na capital paulista. Para reabrir, os estabelecimentos adotaram protocolos sanitários com medidas como medição de temperatura, redução na interação entre as pessoas, no contato nos elevadores e nos pagamentos.

A experiências foram inspiradas em medidas já praticadas por shoppings da China e em sugestões de fabricantes nacionais, segundo Jereissati.

​"Nós temos operações internacionais e até recebemos elogios dizendo que o que fizemos foi visto em poucos lugares no mundo, talvez na Ásia, menos na Europa", diz ele.

Foi feito um investimento em torno de R$ 1 milhão em equipamentos e treinamento, segundo Jereissati.

A despeito dos relatos de vendas baixas por parte dos lojistas, o presidente do Iguatemi diz que o movimento de reabertura vale a pena e precisa ser feito aos poucos, mesmo que não seja fácil.

"Não é igual para todos. Tem setores que estão vendendo melhor, como esportes, eletroeletrônicos e outras categorias que estavam com demandas represadas. Tem alguns que estão indo bem e outros que estão sofrendo um pouco mais", afirma.

Mesmo com o horário restrito a quatro horas, a abertura funciona como uma alternativa para o processo de venda. "É importante poder se conectar com a loja. Se quiser, [o consumidor pode] dar uma passada para entender como é o produto", diz.

Para o empresário, os estados e prefeituras constituíram comitês técnicos bem pensados.

"Quando você olha para o mundo, ninguém ficou praticamente 90 dias fechados. Só lugares que tiveram casos muito gritantes e tiveram problemas maiores. Eu acho que as pessoas sabem o que estão fazendo. Existe uma necessidade do equilíbrio. No início havia muito essa discussão entre saúde e economia. Hoje há um equilíbrio, uma busca de voltar não ao normal, mas a um novo normal. Quem está funcionando quatro horas a 20% não está em uma normalidade. Está sendo uma volta muito cuidadosa, muito bem preparada", diz.

Sobre regiões que tiveram de recuar na flexibilização da quarentena, como Campinas, o empresário diz que cada local tem características específicas que precisam ser estudadas individualmente.

"Campinas tem questões que envolvem outras cidades, são centros que têm que receber pessoas de outras regiões. Essa volta a um novo normal pode ter reveses. Mas eu vejo na maior parte dos casos como muito bem organizado", diz.

Para Jereissati Filho, o varejo não é um ponto de contaminação do coronavírus, e Santa Catarina, que abriu os shoppings há cerca de 60 dias, é um modelo a ser seguido.

"A gente tem buscado entender o que Santa Catarina fez e parece que existe um trabalho muito grande e rigoroso com o transporte público. Isso mostra que os lugares de varejo não são os lugares que estão gerando contaminação. Estamos lá há 60 dias abertos. É um lugar frio, que tem movimento, são cidades grandes. Tem tudo o que todos têm. A única coisa que fez diferente foi controlar rigidamente a questão do transporte público", afirma o empresário.

"É possível operar com tranquilidade se você organizar e fizer um bom controle de todos os elementos que compõem essa volta organizada da atividade econômica", diz ele.

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