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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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iFood diz que dá benefício a entregadores e insatisfação da categoria vem de outros aplicativos

Diretor diz que tem tecnologia para evitar jornada exaustiva e vê casos com indignação

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São Paulo

Os relatos de esforço físico com bicicletas nas ladeiras, fome e miséria entre os entregadores de aplicativos, um assunto que ganhou notoriedade por causa das paralisações realizadas pela categoria nas últimas semanas, são recebidos com indignação, segundo Diego Barreto, diretor-financeiro do iFood.

"O nosso algoritmo leva em consideração a altimetria. Não é o iFood que produz esse tipo de situação", diz o executivo, que vê a tecnologia como forma de evitar jornadas exaustivas.

Roberto Gandolfo, vice-presidente de logística do iFood, afirma que a empresa tem ferramentas para limitar a distância percorrida pelos trabalhadores, de modo a eliminar situações extremas de fadiga.

"Se não existisse o iFood com essa discussão que estamos tendo e a capacidade de trazer tecnologia para não permitir que isso aconteça, esse mesmo entregador estaria trabalhando para um restaurante que não tem a capacidade de fazer isso, do ponto de vista tecnológico. E esse entregador estaria condenado a ter esse tipo de jornada. A tecnologia viabiliza em escala a eliminação das indignações que a gente tem no dia a dia", afirma Barreto.

O iFood diz que é pioneiro em dar benefícios aos trabalhadores e afirma que seus concorrentes no mercado de aplicativos de delivery não fazem o mesmo, o que gera insatisfação na categoria.

Segundo Gandolfo, na pandemia, a empresa fez distribuição de kits de equipamentos de proteção, criou entrega sem contato, lançou um sistema de checagem de sintomas, afastou os entregadores pertencentes aos grupos de risco e os manteve com um fundo de proteção, além de remunerar aqueles que tiveram de ficar em quarentena por suspeita ou contaminação pela doença. Também pagou a eles uma quantia equivalente às gorjetas oferecidas pelos clientes, dobrando o recurso recebido, entre outras iniciativas.

Mas as manifestações das últimas semanas mostram que a insatisfação dos trabalhadores é latente.

"Estamos falando de várias plataformas. É uma categoria como um todo. Então existe insatisfação em várias outras empresas. E isso que eu estou dizendo é um ângulo do Ifood. A outra coisa é a dispersão dentro do público de entregadores. Você vê uma certa difusão nas manifestações. Alguns defendem regulação, outros, não", diz Gandolfo.

A rede do iFood tem 170 mil trabalhadores em todo o país. "Se você tiver 10% fazendo manifestações, já é muita gente", afirma o executivo. Ele ressalva que a companhia fez uma pesquisa com o Instituto Locomotiva, segundo a qual, sete em cada dez entregadores recomendam o iFood para pessoas conhecidas trabalharem.

"O iFood é quem puxa a régua da indústria. Se você pegar esses movimentos, dessas ações [de proteção e benefício], eles são pioneiros na indústria. Quando se tem um movimento de pioneirismo em relação aos demais, abre-se um gap, ou seja, para aqueles entregadores que estão em outras plataformas e não são cobertos por isso, gera um incômodo", diz Barreto.

A despeito dos esforços que o iFood afirma ter para melhorar as condições de trabalho, o executivo reconhece que o modelo de negócio leva os entregadores a buscarem serviço em vários aplicativos diferentes.

"Como o trabalhador sob demanda nunca está em uma plataforma só, mas em todas as plataformas, por uma razão óbvia de quem está procurando a demanda, ele sempre vai ter uma impressão de que tem coisa errada, de que tem coisa que está faltando", afirma o Barreto.

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