Painel S.A.

Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Painel S.A.

Interesse de empresário na política perdeu força após eleição de 2018

Polarização e redes sociais mudam contexto do risco político para as companhias

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Novo normal As convenções partidárias começam nesta segunda (31), mas diferentemente de 2018, a eleição deste ano não traz a forte onda de interesse dos empresários na política. Além da menor atração que o nível municipal gera no setor privado, os grandes expoentes desse movimento vão na contramão: Salim Mattar saiu da secretaria de privatização reclamando do establishment, Carlos Wizard durou pouco no Ministério da Saúde e João Amoêdo deixou a presidência do Novo.

Tempo Quando Roberto Setubal disse em evento do Itaú em 2017 que "política é para políticos", seu ceticismo tirou risos da plateia naquele momento de engajamento político. Hoje, há mais cautela. Flavio Rocha (Riachuelo), que foi pré-candidato em 2018 e defendia que o empresário "saísse da moita" politicamente, disse ao Painel S.A. na semana passada que "ficou perigoso" se expressar.

Urna O professor de estratégia empresarial Rodrigo Bandeira de Mello (Girard School of Business, Merrimack College, EUA) diz que essa tendência é antiga no mundo todo, mas vem se modificando com o avanço da polarização e das redes sociais. Tem até um nome em inglês, "personal service", mas além de servir o país, o empresário que entra na política também extrai benefícios.

Bastidor A participação política dá ao empresariado acesso a informação e aos tomadores de decisão do governo, além de prestígio, legitimidade, oportunidade de ter voz e influência na política pública, segundo Bandeira de Mello.

Estratégia O mercado de capitais também reconhece vantagem na iniciativa. Segundo o professor, estudo da década passada aponta aumento no valor de Bolsa das ações das companhias quando anunciam a chegada de um de seus dirigentes a algum nível de governo.

Rodrigo Bandeira de Mello, professor de estratégia empresarial - Divulgação

Tela "Esses estudos foram feitos sem considerar a polarização atual, nos EUA ou no Brasil. Discursos agressivos de ambos os lados ampliam seus efeitos nas redes sociais. Os investidores valorizavam a estratégia política da empresa, que visa de alguma forma influenciar o cenário. No novo contexto, outros participantes passam a ser mais valorizados, porque pode ter reação negativa de consumidores, público em geral, fornecedores, influenciadores", diz o professor.

Lente O que se entendia como risco político para as empresas mudou, segundo Bandeira de Mello. "Antes risco era se a empresa vai ser expropriada na Venezuela, por exemplo. Hoje, pode acontecer por grupos ou até uma pessoa com celular na mão, que filma alguém sendo expulso do avião", diz.

VEJA OUTROS TEMAS ABORDADOS PELA COLUNA

Empresas de ônibus escolares se preocupam com retomada

Mudança em negociação de dívida trabalhista agrada sindicato

Escolas de negócios lançam projetos de longevidade e ética médica

Ocupação de hotéis tenta reagir à pandemia, mas segue baixa

com Filipe Oliveira e Mariana Grazini

LINK PRESENTE: Gostou desta coluna? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.