A onda de solidariedade que se formou no Brasil para ajudar no combate ao coronavírus pode ter chegado ao fim. Pela primeira vez, desde março, o monitor criado pela ABCR (associação de captação de recursos) na pandemia para levantar as grandes doações de empresas e pessoas físicas estacionou. Na semana de 12 a 18 de outubro, não houve registro de novos recursos expressivos destinados à causa. Sete meses após o início da mobilização, o montante parou em torno de R$ 6,45 bilhões.
Desde agosto, o monitor da ABCR já dava sinais de que a pandemia deixaria de ser um motor para estimular as doações. Setembro foi o pior mês da série, com R$ 34 milhões doados. Em outubro, secou.
Segundo Márcia Woods, presidente da ABCR, os movimentos difusos, com campanhas por outras causas, permanecem. A expectativa é que a mobilização contra o coronavírus ajude a elevar a frequência, que ainda é uma dificuldade da filantropia no Brasil.
"Já vemos outras temáticas, como o Dia da Criança, e o Dia de Doar, que está sendo preparado para dezembro. Estamos percebendo essa migração, mas esperamos que não seja pontual", afirma Woods.
Para Celso Athayde, da Cufa (Central Única das Favelas), a queda era esperada. "Está muito perto do zero. Porém, as pessoas vão continuar precisando porque o problema é crônico. A pandemia fechou postos de trabalho e quebrou negócios. O ideal é que as doações continuem, mesmo que em quantidade menor, até que a gente se estabilize", diz.
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com Filipe Oliveira e Mariana Grazini
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