No mesmo dia em que anunciou a instituição de um fundo de R$ 25 milhões para fomentar ações de combate ao racismo no Brasil, nesta segunda-feira (23), o Carrefour pagou a segunda e última parcela dos lucros distribuídos pela empresa a seus acionistas neste ano. Eles receberam R$ 482 milhões ao todo. O grupo francês que controla a rede de supermercados teve direito a R$ 345 milhões e a Península, da família do empresário Abílio Diniz, ficou com outros R$ 37 milhões.
O Carrefour promete apresentar nesta quarta (25) os critérios que adotará na distribuição do dinheiro do novo fundo, anunciado como resposta à onda de indignação causada pela morte de Beto Freitas, espancado e asfixiado por seguranças de uma loja do supermercado em Porto Alegre, na quinta (19).
A empresa diz que doará também os resultados obtidos com suas vendas em todas as lojas do país na sexta (20). No ano passado, o Carrefour lucrou R$ 1,98 bilhão no Brasil. Neste ano, os resultados contabilizados nos primeiros nove meses indicam uma alta de 49,6% nos lucros da rede.
As maiores companhias americanas se comprometeram com doações significativas nos Estados Unidos após a morte de George Floyd, homem negro asfixiado por um policial em maio. Informações de 58 empresas compiladas pelo site Axios indicaram compromissos de US$ 3,3 bilhões até setembro.
O Walmart, maior rede de supermercados dos EUA, prometeu investir US$ 100 milhões em iniciativas focadas na promoção da equidade racial nos próximos cinco anos. O atacadista Costco destinou US$ 25 milhões a instituições financeiras lideradas por negros e comunidades locais. A Target anunciou doação de US$ 10 milhões.
Para Giovanni Harvey, presidente do conselho deliberativo do Fundo Baobá, que apoia projetos de promoção da equidade racial, o mais importante não é o dinheiro do Carrefour. “Eles precisam dizer o que vão fazer na operação para que isso não se repita”, diz. “Deveriam buscar medidas com impacto real no sistema de varejo do Brasil.”
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