A morte brutal de João Alberto Silveira Freitas, o homem negro espancado por seguranças de uma loja do Carrefour em Porto Alegre na quinta-feira (19), expôs erros que muitas empresas vêm cometendo ao multiplicar iniciativas na tentativa de promover a diversidade racial. Muitas fecham os olhos para fornecedores e empresas terceirizadas como a responsável pelos seguranças do Carrefour. Falta comprometimento com a criação de uma cultura inclusiva, dizem especialistas.
Para Paulo Sardinha, presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos, as companhias têm um caminho longo a percorrer. “Ainda há grande dificuldade para tornar realidade as declarações coladas nas paredes das empresas”, diz.
Liliane Rocha, sócia da consultoria Gestão Kairós, afirma que não convocar profissionais terceirizados para treinamentos de programas de diversidade é um erro comum nas iniciativas que visam eliminar o racismo da cultura das empresas.
Mesmo que a rotatividade desses profissionais seja maior, é necessário que as empresas criem métodos apropriados para tratar do tema, diz Rocha. “Se a troca de funcionários for semanal, é preciso que eles ao menos leiam um manual, assistam um vídeo sobre o tema.”
Para a consultora Ana Minuto, entre as falhas estão a prevalência de recrutadores brancos, o distanciamento da cúpula da empresa e o tratamento das ações de inclusão como assistencialismo —e não como parte de uma estratégia para obter resultados e fomentar a inovação.
Ana Bavon, sócia da B4People, diz que a maioria dos programas de diversidade foca na questão da representatividade buscando ampliar a quantidade de negros na empresa. Falta criar um ambiente em que todos se sentem respeitados e ouvidos, diz.
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