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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Empresa que investir só com foco na Covid cometerá erros, diz presidente da JHSF

Executivo da dona do Fasano e do Shopping Cidade Jardim prevê alta no setor imobiliário em 2021

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São Paulo

Dona da rede Fasano, do Shopping Cidade Jardim e do condomínio Fazenda Boa Vista (em Porto Feliz, a 110 km de SP), a JHSF faturou mais com a venda de casas em 2020. Até setembro, vendeu R$ 605 milhões, 78% da receita total no período.

Administradora no segmento de alta renda, a companhia se beneficiou da busca das classes A e B por casas afastadas das metrópoles durante a pandemia.

Em meio a restrições a estabelecimentos comerciais, a empresas inaugurou três restaurantes e um shopping. Para Thiago Alonso de Oliveira, presidente da JHSF, executivos que planejam investimentos considerando apenas o cenário de crise da pandemia vão cometer grandes erros. Ele também diz que a tendência é que o mercado imobiliário cresça mais em 2021.

Jato faz pouso durante inauguração do Aeroporto Catarina, em São Roque
Jato faz pouso durante inauguração do Aeroporto Catarina, em São Roque - Zanone Fraissat - 16.dez.2019/Folhapress

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A JHSF atua no setor hoteleiro, de aviação e de shoppings. Como esses negócios reagiram à pandemia? Nenhum negócio passa incólume a uma situação como a que vivemos com a Covid-19. Só que alguns [setores] sofrem impactos positivos, e outros, negativos.

Certamente aqueles setores cuja regulamentação por parte das autoridades foi muito restritiva tiveram impacto negativo. Então, pelas questões regulatórias, o funcionamento dos shopping centers foi prejudicado, assim como o funcionamento dos restaurantes.

Indiretamente, por uma questão de redução do fluxo de viagens das pessoas, hotéis também foram impactados. Apesar de esses nossos negócios terem sofrido impacto para baixo, tivemos superação em outras áreas.

O que trouxe mais receita em 2020 foi a venda de casas da Fazenda Boa Vista? A resposta óbvia é dizer: “Sim, a Fazenda Boa Vista teve um desempenho de vendas bom durante 2020”. É fácil responder isso, mas o qualitativo não está aqui. É preciso entender o seguinte: por que os outros negócios não tiveram o mesmo desempenho de receitas? A resposta é: porque eles não puderam trabalhar. Mas, nos meses em que trabalharam, esses negócios se superaram.

Em dezembro, o aeroporto de São Roque completou um ano. Como foi esse período? O que chamou a atenção nesse período foi a hangaragem [estacionamento de aeronaves], que se destacou e que teve desempenho melhor do que o imaginado.

Em abril, chegamos a uma utilização de capacidade de hangaragem no aeroporto que estava prevista apenas para dezembro. A expansão prevista para 2021 já foi inaugurada no fim de 2020. Saímos de dois para cinco hangares em menos de um ano.

Em 2020, o grupo inaugurou três restaurantes e também um shopping. Qual o risco de iniciar negócios desse porte com restrições da pandemia? Entendo que não há risco, porque essas restrições são temporárias. O executivo que tomar uma decisão baseada só no período da Covid-19 vai cometer um grande erro, porque essa situação em algum momento vai passar.

O shopping, por exemplo, está vendendo mais do que os lojistas estavam esperando. Os restaurantes, quando estão funcionando, trabalham bem. Então tem que saber o que é negócio oportunístico e o que é negócio de médio e de longo prazo. O nosso é de médio e longo prazo.

O que pode acontecer? Ter de reduzir horário de funcionamento? Tá, mas o investimento também já estava realizado. O shopping demora dois anos e meio para construir. Nos últimos seis meses [de construção] ainda tinha a restrição, mas já tínhamos investido 90% do projetado.

Alguns lojistas reclamam dos custos para estar presente em shoppings hoje. Como o sr. avalia essa situação? Acho que fomos uma das empresas mais sensíveis a este momento com os lojistas e construímos com eles uma relação de longo prazo.

No terceiro trimestre, a nossa ocupação de espaços nos shoppings era maior do que no terceiro trimestre de 2019, o que mostra que ganhamos mais lojistas para trabalhar conosco. Diferentemente do que ocorre no setor de maneira geral, as nossas vendas cresceram.

Como a empresa avalia o mercado imobiliário? Como incorporador, temos visto um crescimento ano a ano da demanda por imóvel desde 2017. A tendência é que 2021 seja melhor do que 2020.

Como está a operação da empresa no setor digital e de ecommerce? Em 2018, lançamos o ecommerce CJ Fashion, de venda de roupas, e o JHSF Estate Sales, que é uma plataforma de comercialização de imóveis. Neste ano lançamos o CJ Food, plataforma para venda dos restaurantes.

Agora no final do ano, criamos um programa de fidelidade, o JHSF ID. Toda vez que um cliente transacionar em qualquer um dos nossos negócios, ele acumula moedas JCoins, que podem ser usados para fazer pagamento em qualquer uma das nossas unidades.

Há perspectiva para lançamentos em 2021? Temos o objetivo de concluir o processo de expansão do Shopping Cidade Jardim. Na parte de restaurantes e hotel, vamos monitorar a questão da Covid para poder abrir novos estabelecimentos. O mesmo vale para a parte de incorporação, vamos acompanhar o setor para trazer novos lançamentos.

Pretendem expandir a outros estados? No momento, estamos focados no estado de São Paulo como nosso principal mercado. O que não quer dizer que não estejamos acompanhando o que está ocorrendo em outras regiões, como estamos fazendo com a abertura do hotel Fasano em Trancoso (BA).

Também temos um movimento no exterior, em Nova York, com a abertura do restaurante Fasano. Mas ainda não temos definição de inauguração porque o mercado de restaurantes também é afetado nos Estados Unidos. Além disso, o lockdown que ocorre de novo lá na cidade está prejudicando o ritmo das obras.

 Thiago Alonso de Oliveira, presidente-executivo da JHSF
Thiago Alonso de Oliveira, presidente-executivo da JHSF - JHSF

RAIO-X

Thiago Alonso, 49

Formado em direito pela PUC-SP e com pós-graduação em finanças e negócios pela Fundação Getulio Vargas, o executivo atuou em empresas como PwC, General Electric e Paranapanema. Entrou para o quadro de diretores da JHSF em março de 2015, tornando-se presidente da companhia no início de 2018.


Paula Soprana (interina)

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