A forte recuperação da atividade industrial nos últimos meses deverá ser substituída por um ritmo mais lento até o início do próximo ano, sugerem pesquisas feitas com empresários do setor. A sondagem mais recente da Fundação Getúlio Vargas indica que o nível de utilização da capacidade instalada nas fábricas ainda está abaixo da média histórica. A falta de insumos, dificuldades para reposição de estoques e incertezas sobre a retomada do consumo tendem a desacelerar a produção.
O índice da FGV que mede o nível dos estoques no setor atingiu em novembro o ponto mais baixo em uma década. De acordo com a sondagem, 35% das empresas dos setores têxtil, de produtos de plástico e limpeza e perfumaria classificaram seus estoques como insuficientes.
"Ninguém sabe se o aumento de demanda dos últimos meses vai perdurar lá na frente”, diz Renata de Mello Franco, do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV. “Muitas indústrias sentem-se inseguras para aumentar a produção enquanto o cenário não ficar mais claro.”
A escassez de matérias-primas e o câmbio desvalorizado têm feito os preços de vários insumos subir, disseram executivos de departamentos de compras à consultoria IHS Markit. As empresas aumentaram suas compras em novembro, mas muitas relataram atrasos nas entregas.
Ricardo Balthazar (interino), com Filipe Oliveira e Mariana Grazini
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