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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Descrição de chapéu 5g internet tecnologia

Segurança no 5G é preocupação de indústria e governo, diz diretor da Nokia no Brasil

Ailton Santos assumiu neste ano o comando da empresa no país

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São Paulo

Ailton Santos, que acaba de assumir o comando da Nokia no Brasil, espera ver em junho o leilão do 5G acontecer. Concorrente da Huawei no fornecimento de equipamentos, ele evita falar da rival chinesa, mas diz que a segurança da tecnologia preocupa indústrias e governo.

Com tanto atraso no leilão do 5G, agora dá para acreditar no prazo de junho? O prazo é determinado pelo Ministério das Comunicações, com Anatel, TCU e o presidente. Eu acho que dá para acreditar no prazo. Eu vejo as entidades atendendo a agenda com a prioridade delas, tecnicamente é viável. Mas depende de uma série de trâmites. É difícil precisar.

Esse atraso provoca o risco de as empresas perderem parte do interesse projetado para o Brasil? Eu não diria que é questão de risco de perder. Mas o atraso, obviamente, gera impacto econômico. Eu prefiro ver de outro prisma.

Por exemplo, hoje, estimamos que o resultado da implementação do 5G SA [modo de acesso autônomo standalone, que cria rede com menor latência] vai trazer ao Brasil US$ 1,2 trilhão de benefício em relação à eficiência da cadeia e novos usos em 15 anos.

E existe uma corrida global em relação aos países que adotam mais cedo ou mais tarde a tecnologia do 5G. Então, obviamente, um atraso na implementação impacta.

Mas se perde interesse? Quando pensamos no 5G para o consumidor, é experiência imersiva, realidade aumentada, ensino, entretenimento. E quando se fala de IoT [internet das coisas], pode pensar, por exemplo, em saúde conectada, com sensor de monitoramento no corpo, exame e cirurgia a distância.

Em agronegócio, estamos falando de fazendas inteligentes com sensores de pragas, de fertilizantes. Uma fazenda pode multiplicar a capacidade de produção de forma exponencial. E quando a gente fala de US$ 1,2 trilhão na cadeia, é essa a principal produtividade que se busca. Então, sempre vai ter interesse.

As empresas estão ansiosas para construir casos de usos em diversas indústrias. É logística inteligente, escritórios conectados, governo com segurança inteligente, preservação ambiental.

Assim como aconteceu no 4G em uma velocidade absurda, quando surgiram vários aplicativos de transporte, hotelaria, redes sociais, o 5G também vai trazer uma quantidade enorme de aplicações.

Como a Nokia vê o 5G em um mercado como o Brasil, com tanta desigualdade regional? Eu vejo o 5G como uma grande oportunidade de democratizar o Brasil no uso de tecnologias, gerar acessibilidade e serviços a populações que não têm atendimento.

O próprio governo no edital busca fomentar todas as áreas, não só os centros urbanos. E com a tecnologia chegando e todas as operadoras oferecendo uma internet com velocidade adequada, imagine, por exemplo, o Brasil que carece de serviços de saúde.

Com poucos médicos para atender uma população grande e dispersa geograficamente, imagine poder colocar dispositivos de sensores para exames e atendimento.

Como vocês olham para essas restrições de vários países à Huawei do ponto de vista da concorrência? Na Nokia, por política, nós não comentamos sobre o concorrente, mas eu tenho prazer em comunicar como a Nokia se posiciona em relação ao assunto segurança.

Qual é o risco de espionagem é sério? Há preocupação com segurança ou é só para tirar concorrente do jogo? O assunto da segurança no 5G tem sido um tema de diversos estados. A Nokia não comenta assuntos de estado, mas posso comentar o assunto segurança.

Não é por causa do fornecedor A, B ou C, o que, no meu ponto de vista, é questão técnica. Hoje, já há vulnerabilidades dos celulares. De tempos em tempos, a mídia coloca sinais de que privacidades foram invadidas ou serviços negados. Quando se pensa em terminais IoT, eles também têm vulnerabilidades, que passam a ser objeto de preocupação de estados ou indústrias.

Imagine numa cadeia de valor com fazenda frota e porto inteligente. Se uma organização criminosa quiser desestabilizar economicamente um fornecedor A ou B, ela pode, eventualmente, infiltrar-se em algumas dessas cadeias, desses IoTs, e interferir na eficiência, seja através de manipulação dos dados dos seus dispositivos e sensores, ou através de negação de serviço. E isso responde a toda a cadeia.

O governo também se preocupa porque os serviços essenciais, como energia, luz, água, também ficam vulneráveis a ataques à medida que passam a ter a inteligência. É um problema também de estado e está sendo tratado no mundo.

Como a Nokia se posiciona em relação a isso? A primeira maneira é demonstrar que todo o nosso processo de fabricação é extremamente rígido, com altos padrões de segurança em toda a cadeia e produção controlada. E o outro aspecto é o que extrapola a questão técnica e o fabricante. Por isso surgiram alguns movimentos, como o Clean Network [rede limpa] nos EUA, que demandam do fornecedor mais do que cuidado tecnológico comprovado.

A Nokia se destaca. Foi selecionada para o projeto de cibersegurança de 5G nos EUA, um trabalho em conjunto para entender, defender e garantir defesas. A Nokia dá toda visibilidade do processo fabril e se expõe às regulamentações para dar o maior conforto possível aos assuntos de estado ou de nossos clientes.

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