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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Suspensão de cirurgia eletiva não é melhor saída para liberar leito, diz regulador

Em reunião nesta quinta, ANS declarou que cabe ao médico avaliar cenário para caso não urgente

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São Paulo

Além de toda a turbulência que o setor de saúde vem enfrentando há um ano com a pandemia, cresceu nos últimos dias uma tensão no mercado de planos de saúde e hospitais privados por causa dos tratamentos eletivos.

A FenaSaúde, federação que representa os planos de saúde, foi à ANS (agência reguladora do setor) pedir mais prazo para os tratamentos eletivos na rede privada, enquanto a Covid-19 se agrava tomando o espaço. Já os hospitais defendem a continuidade do atendimento.

Em reunião da diretoria nesta quinta (25), a ANS declarou que a suspensão de cirurgias eletivas nacionalmente não é a melhor medida para liberar leitos para pacientes com Covid. Segundo a agência, é necessário considerar as orientações sanitárias locais e as condições de saúde de cada paciente.

Para a ANS, cabe aos médicos considerar o cenário da pandemia ao avaliar a realização de atendimentos não urgentes. “Recomenda-se que os procedimentos eletivos continuem sendo realizados apenas quando o seu adiamento acarrete prejuízo à saúde do paciente, de acordo com a avaliação do profissional assistente”, definiu a agência.

Em março do ano passado, a ANS ampliou o prazo dos atendimentos não urgentes na rede privada, mantendo tratamentos como pré-natal, acompanhamento oncológico e psiquiatria.

Há um agravante na questão, que é a remuneração do leito, segundo o médico Claudio Lottenberg, que preside o Instituto Coalizão Saúde e o Conselho da Sociedade Beneficente Israelita Albert Einstein.​ Ele afirma que as diárias remuneradas por Covid-19 ficam abaixo do valor médio adequado para a sustentabilidade dos hospitais. "Há um ponto nevrálgico, que gera quebradeira do setor", diz.

A Anahp, associação que representa os hospitais privados, afirma que existe uma "simplificação perigosa" no assunto.

"Recentes manifestações têm sugerido a proibição da prática de qualquer procedimento eletivo, cirúrgico ou não. Sob o título genérico de 'eletivas', abrigam-se situações totalmente diversas do ponto de vista dos pacientes. Algumas são efetivamente adiáveis, sem qualquer repercussão ou risco. Muitas outras, porém, se postergadas, implicarão o agravamento da doença com inevitáveis consequências para o paciente e para o próprio sistema de saúde", diz a Anahp.

Para a FenaSaúde, o aumento das eletivas no atual momento de colapso do sistema de saúde é preocupante. A entidade apresentou um levantamento com quatro associados, representantes de 24% do mercado de planos de saúde no país, que registrou 71.056 cirurgias eletivas em fevereiro deste ano, ante 76.071 no mesmo mês de 2020, antes de o vírus chegar ao país.

A estimativa da entidade é que supere 82 mil cirurgias não urgentes em março, acima das quase 68 mil de igual período de 2020.​


com Filipe Oliveira e Andressa Motter

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